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  4 de novembro
  A força da Globo
  Está no Pará uma das mais gritantes evidências da força da TV Globo sobre o Estado.

Há 23 anos, o governo do Pará cede à afiliada local da Globo, a TV Liberal, sua rede de retransmissoras de televisão, que cobre a maior parte do interior do Estado.

O mais espantoso desse episódio é que o governo paraense tem um canal de televisão educativo e em vez de retransmitir sua programaçao para o interior, leva a da Globo.

A Funtelpa (Fundaçao de Telecomunicações do Pará) emprega 300 pessoas na TV educativa estatal e é também proprietária da rede de retransmissora que está a serviço da Globo. O canal educativo, em conseqüência desta distorção, só é visto na Grande Belém.

O governador do Estado, o tucano Almir Gabriel, é réu em uma ação popular iniciada em 97 que pede a anulação do convênio que dá à TV Liberal o direito de usar as retransmissoras da Funtelpa até setembro de 2.002.

Como a Justiça é lenta, é pouco provável que a ação seja julgada nestes dois anos que restam de vigência do convênio. Como acontece na maioria das processos contra a administração pública é se de prever que esta ação popular acabará arquivada por caducidade do objeto.

A Funtelpa justifica seu inusitado convênio alegando a necessidade de integrar a população do Estado. Leia o seguinte trecho da defesa apresentada pela Funtelpa à Justiça e veja se consegue alcançar o raciocínio do governo do Pará:

"Este é o momento exato em que devem ser conjugados os interesses do Estado com os do setor privado para o alcance de finalidades maiores que dizem respeito à rotina diária da população paraense, até agora alijada do impacto globalizante dos costumes e da mídia televisiva, sob pena de se agredir de frente e perigosamente os desejos de todos os que estavam submissos à ignorância e limitados no tempo e no espaço à informação e ao lazer".

Nem a turma do Casseta e Planeta escreveria algo tão disparatado. Em um outro trecho do documento, o governo esclarece que não se deve atender a população apenas com obras e projetos físicos e que o administrador público deve ter sensibilidade acurada para perceber as carências sociais.

"Um dos objetivos do Estado é integrar a população através dos meios de comunicação de massa, como a televisão", complementa.

Se o raciocínio é este, por que o Estado do Pará não tentou integrar a população usando sua TV educativa? Só faltou dizer que não existe vida inteligente fora da Globo.

A máscara do governo cai por terra quando se vê que ele cedeu suas retransmissoras em troca de espaço publicitário na televisão. O convênio garantiu 30 minutos de propaganda por mês ao governador, durante cinco anos.

É uma festa!.



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