DE
READING, INGLATERRA
Esta
passagem rápida pelo estrangeiro me fez chegar à
seguinte conclusão: me sinto um zé mané.
Não
é difícil explicar.
Na
minha humilde concepção de ser humano, entre as
coisas que considero vitais para continuar existindo são,
sem pestanejar, futebol e rocknroll (tirando os
batidos itens tais como comida, água, amor, paz, família,
amigos, cinema, sorvete Hagen Dasz etc.).
Pois
bem. Começo pelo esporte das multidões (?!?).
É
uma fórmula, dizem, que não serve para o país
do futebol. Tem que ter semifinal e final. Emoção,
entende?
Aí
você pega a Copa João Havelange. Palmeiras x Corinthians,
um dos maiores, mais sangrentos e comentados clássicos
do nosso futebol: 1.800 pessoas.
Sábado
passado na Inglaterra, adepta da tal fórmula desinteressante
e sem emoção que é a de pontos corridos.
Cerca de 4.069 pagantes testemunharam o Plymouth (11º colocado)
bater o Mansfield (antepenúltimo) por 2 a 0.
Triste,
né? Dois times merrecas terem mais que o dobro do público
dos gigantes Palmeiras e Corinthians.
E
se eu falasse que Plymouth e Mansfield disputam a QUARTA DIVISÃO,
que tem uma média de público de 3.000 torcedores
por jogo?
Agora
o rock. O decantado maior festival que o Brasil vai abrigar,
o Rock in Rio 3, até que enfim anunciou duas atrações
que realmente interessam para um evento que tem rock no nome:
Foo Fighters e R.E.M. (oba! e oba!).
Aí
me vejo parado diante do palco principal do Reading Festival.
Assistindo ao mesmo Foo Fighters. Sendo que antes aconteceram
uns três shows ótimos (Asian Dub Foundation entre
eles). E que depois ainda teria Primal Scream e Oasis. Num festival
de três dias que é apenas um entre seis no verão
britânico. Onde além do palco principal havia mais
três palcos alternativos. Com umas 20 bandas/dia. E além
do mais...
É.
Na Inglaterra, me senti um zé mané.
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HOMENAGEM
AO CAETANO VELOSO
Esse
zé mané aí de cima é uma ode ao
grande Caetano Veloso. Está sabendo da briga dele com
D2, do Planet Hemp, nos bastidores do VMB, prêmio da
MTV?
Parece
que o D2, sabiamente, deu um cano na participação
especial de um clipe do gênio da MPB, recentemente.
Cara a cara na festa da MTV, Caetano e a mulher, Paula Lavigne,
teriam chamado o D2 de "zé mané".
Tá
na "Ilustrada" de hoje (quinta, 31). Zé mané,
segundo o D2 imagina, deve ser o cara que não gosta
de Caetano Veloso.
De
novo, me sinto um zé mané. Mas dessa vez é
com prazer.
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PROMOÇÃO
DA SEMANA
Agora,
valendo três cópias de "Alone with Everybody",
o disco solo do Richard Ashcroft, do Verve, que está
sendo lançado no Brasil pela Virgin.
Quando
foi a última vez que você se sentiu um zé
mané? Vale qualquer coisa, de briga com a namorada
até... ter dado um cano bacana no Caetano Veloso.
E-mails
para o D2, quer dizer, para mim, no lucio@uol.com.br.
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MAIS READING
FESTIVAL
Pensou
que eu não ia comentar mais nada do festival? Afinal,
foram 12 horas diárias e ininterruptas de som na orelha.
Curto
e grosso, alguns dos melhores e piores do Reading 2000:
Doves:
canções fabulosas, inebriantes, em banda que
parece veterana. Boa impressão.
Asian
Dub Foundation: Sol brilhando, não muita gente,
galera descompromissada. Mesmo assim, um som pesado, denso
e ao mesmo tempo dançante. Sensacional.
Lúcio
Ribeiro/Folha Imagem
|
|
O
grupo cool anglo-indiano Asian Dub Foundation, que tocou
antes do Foo Fighters no Reading Festival, na Inglaterra |
The
Bluetones: do pouco que vi/ouvi, chato.
Clinic:
banda nova, tocam com máscara cirúrgica. Rock
rápido, de levada segura.
Grandaddy:
outra banda de cavaleiros solitários daquelas cidadezinhas
americanas que inspiram a frase "eu tenho que dar o fora
desse lugar". Banda irmã do Mercury Rev, prima
do Flaming Lips, com um pé no alt-country. Maravilhoso.
Foo
Fighters: a qualidade que se pode esperar de um cara que
tocou no Nirvana. Dave Ghrol é o cara. É show-man,
arrebenta na guitarra, enquanto Taylor Hawkins descia o braço
na bateria. Problema sério. Rock in Rio, lá
vamos nós.
Primal
Scream: talvez o melhor show do festival, na minha opinião.
Pesado, sacolejante, colorido, Bobby Gillespie endiabrado.
Eletrônico ao extremo, com o rocknroll rasgando
por baixo. Entendeu?
Oasis:
o medo era as canções do disco novo não
ficarem legal ao vivo. Não rolou. Ficaram boas demais.
O resto quase não deu para ouvir o vocal. Umas 80 mil
pessoas cantavam junto. É, os caras estão acabados...
JJ72:
britpop rouco, bem bacana. Show ia caminhando normal, agradável,
aí deu a louca no vocal/guitarra e o cara quebrou o
instrumento no palco, batendo em tudo. Muito bom.
And
You Know Us by The Trail of Dead: massacre da guitarra
elétrica vinda de nenhum lugar mais, a não ser
o Texas. Integrantes trocando de instrumentos, quebradeira
tradicional no final. Genial.
Lúcio
Ribeiro/Folha Imagem
|
|
Apresentação
do And You Know Us by The Trail of Dead |
The
Delgados: alternando a ternura e o peso, a representação
da nova cena escocesa faz show de primeira qualidade.
Idlewild:
também da Escócia, outro show vigoroso adepta
da vertente mezzo lírico, mezzo barulhento.
Terris:
britpop da linha de Bluetones e Embrace, na maior parte do
tempo sem muito mais a dizer.
Black
Box Recorder: antes era um pop romântico descompromissado
que interessava, agora estão meio deslumbrados, fazendo
tipo. Assim, assim.
Beck:
rock de arena, chocho. Chatíssimo.
Pulp:
outro grande show do festival. O velho Jarvis Cocker contando
pequenas "histórias do cotidiano" antes de
cada canção. Emocionante.
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RESULTADO DA
PROMOÇÃO DOS PIXIES
A
apuração do voto aos melhores shows brasileiros
foi capenga, devo confessar. Sabe como é, a correria
da viagem e tal.
Mas
deu para sacar algumas coisas:
Ira!
- teve vários votos, em shows de muitos lugares diferentes
em São Paulo
Violeta
de Outono - mesmo caso, mas em quantidade menor.
Sepultura
- Muito lembrado os shows do Olympia, em 1994, e aquele do
Pacaembu, de graça (ano?).
Legião
Urbana - Muito lembrado em shows em Minas Gerais. E no Parque
Antártica, em São Paulo.
Ratos
de Porão - João Gordo e turma tiveram três
votos para um certo show em Londrina.
Cazuza
- dois leitores mencionam um show do roqueiro, já em
estado terminal em decorrência da Aids, no Aeroanta,
SP.
Pin
Ups e Brincando de Deus - pencas de votos para os veteranos
do udigrudi nacional.
Thee
Butchers Orchestra e Grenade - campeões de voto
do novo rock indie.
Os
vencedores do CD "Pixies at BBC"
Esqueci
de colocar quantas cópias iriam ser sorteadas. Então,
a coluna vai dar cinco.
-
Central Mídia Marketing e Produções
(???)
votos
para os shows do Sepultura, Dorsal Atlantica, e Korzus e Ratos
de Porão juntos
-
Fernando Lopes
votos
para Violeta de Outono, festival com Legião e Ira!
(Niterói) e ainda Jorge Benjor
-
Marcelo da Cruz Oliveira
votos
para Ira!, Sepultura e Inocentes
-
Jardel Sebba
votos
para Fines Africae, Fausto Fawcett e Second Come
-
Luís Nunes
votos
para Violeta de Outono, Akira S e Cazuza
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FALA
AÍ
Sob
o tema da votação dos shows brasileiros
"Xuxa
- Como já disse, estava descobrindo a sexualidade...
Acho que foi em 89. Sabe como é: tinha 12 anos, coisa
e tal... Ela dava um bom caldo naquela época... Hoje
é só um fantoche de si mesma!"
Alessandro Assolini, SP
"Engenheiros
do Hawaii - Abrindo no Hollywood Rock. O show foi uma b****,
lógico, mas eles abriram para o Nirvana!!!! Dia histórico
para o mala do Humberto!"
Angelo
Garófalo, SP
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SEMANA
QUE VEM
Coluna
volta ao normal, com circulação inicial na quarta-feira.
Tentarei responder todos os e-mails
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RÁDIO
POP 10
Correria,
correria. A programação da Pop 10 continua a
mesma da semana passada. Semana que vem (e as próximas)
tem muita novidade.
Até
QUARTA, hein!
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analisam o Brasil
09/08/2000 - Tudo o que você
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