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Terça-Feira, 5 de setembro de 2000


Diversão e arte

Melchiades Filho
     
Diego Medina

Os 12 melhores jogadores de basquete do mundo são, sim, norte-americanos: Shaquille O’Neal, Tim Duncan, Grant Hill, Karl Malone, Kobe Bryant, Allen Iverson, Scottie Pippen, Gary Payton, Jason Kidd, Vince Carter, Kevin Garnett e Alonzo Mourning. Mas, da lista, somente os últimos cinco vão representar o país nos Jogos de Sydney.

É a primeira vez que o “Dream Team” não contará em uma Olimpíada com a maioria dos craques indiscutíveis da NBA.

Na Austrália, por exemplo, estarão atletas decadentes como Vin Baker e Steve Smith, que terão dificuldades até para ser titular em suas equipes em 2001.

O conceito de “Time dos Sonhos” desgastou, os atletas acham um tormento interromper as férias para servir a seleção, as megaestrelas têm outros compromissos comerciais etc e tal.

Tudo contribuiu (e vai continuar contribuindo) para o sucateamento da equipe dos EUA.

Mas, desta vez, os reveses deverão reverter em deleite para o torcedor norte-americano, para o fã de basquete em geral.

É que, como resultado do tumultuado processo de formação _três selecionados foram cortados por contusão; dois recusaram a convocação_, a seleção norte-americana hoje ostenta ares de descompromisso.

A informalidade começa pela escolha dos co-capitães do time: os armadores Gary Payton e Jason Kidd, bocudos e hipercriativos, que nem de longe lembram a sobriedade de John Stockton.

E termina na definição dos principais focos do ataque. Em vez do silêncio do metrônomo Duncan, o quarto “Dream Team” apostará na plástica do imprevisível Kevin Garnett. No lugar do cerebral Grant Hill, confiará na explosão aérea de Vince Carter. Na posição do gigantesco O’Neal, experimentará a velocidade de Antonio McDyess.

Nos amistosos que promoveu na semana passada, no Havaí, a seleção voou. Carter foi um foguete. Domingo, diante de um combinado universitário, acertou seus dez arremessos e deixou platéia e colegas boquiabertos com cinco enterradas absurdas.

Alguns desavisados podem interpretar esse pique, de risadas e muito improviso, como desleixo e desconcentração tática. Já há até quem fale em um tropeço inédito na Austrália.

Os EUA só perderam duas vezes em 103 partidas olímpicas (uma, em Munique-72, roubada), e os profissionais da NBA estão invictos há 40 jogos.

Duvido que a casa caia desta vez. Pelo contrário, acho que dá para prever um aumento da margem de pontos nas vitórias da seleção (31,7 em Atlanta-96).

Os mais experientes do grupo, como o grandalhão Alonzo Mourning, ainda tentam fazer cena, falando em público da “responsabilidade” de manter o legado de Michael Jordan & Cia, de conciliar espetáculo e eficiência.

Mas a autoconfiança do “Dream Team” 4 é tamanha que o próprio Mourning sentiu-se à vontade para pedir liberação. Ele ficará fora de metade das duas semanas de competição, a fim de acompanhar nos EUA o nascimento do filho, no dia 22. Detalhe: ele é o único pivô da equipe.


NOTAS

Olimpo 1

Os EUA estarão no topo dos dois pódios em Sydney.

Olimpo 2
Iugoslávia e Itália, nos homens, e Austrália e Rússia, nas mulheres, devem levar as demais medalhas. Discorda?

Olimpo 3
O Portland sacudiu a NBA ao contratar dois alas-pivôs estelares: Shawn Kemp (ex-Cleveland) e Dale Davis (ex-Indiana). Larga favoritíssimo ao título de 00/01. Com uma folha de pagamentos anual de US$ 90 milhões, é páreo até para o “Dream Team”.

Olimpo 4
Por causa da Olimpíada, e da reestruturação deste caderno, a versão impressa da coluna será interrompida nas próximas três semanas. Para os internautas, porém, não haverá trégua _a edição online, também às terças, seguirá normalmente.




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