Hugo Chávez promete defender a sua "revolução"
da Reuters, em CaracasIgnorando uma ordem da Corte Suprema para devolver o controle da polícia local à Prefeitura de Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, prometeu hoje defender a sua "revolução".
Reuters - 15.dez.2002 |
Hugo Chávez, presidente da Venezuela |
Chávez, que enfrenta uma greve geral que já dura 18 dias, prometeu também limpar a estatal PDVSA daquilo que chamou de "elite petroleira golpista". "Por trás da tentativa de parar a PDVSA não há nada além de uma nova tentativa de golpe para derrubar o governo legítimo", disse Chávez num comício na madrugada de hoje. "A hora de limpar a PDVSA chegou."
O discurso foi feito horas depois de a Justiça ordenar ao governo que devolva o comando da polícia metropolitana da capital ao prefeito Alfredo Pena, um opositor. O governo nacional assumiu essa polícia no mês passado, temendo que ela se rebelasse contra o presidente. A medida acabou sendo um dos pretextos para a greve geral.
A paralisação atingiu em cheio a indústria petroleira, vital para a economia venezuelana. Chávez já mandou tropas para garantir o funcionamento de refinarias e portos e demitiu vários diretores da PDVSA, mas agora promete fazer uma limpeza total, como aconteceu nas Forças Armadas depois que ele sobreviveu a um golpe, em abril.
A oposição anunciou a realização de mais passeatas, manifestações e bloqueios rodoviários. A greve geral não tem prazo para acabar. O presidente é acusado de arruinar a economia venezuelana e de tentar estabelecer um regime comunista, inspirado em Cuba.
Em um discurso típico, recheado de referências a Jesus e a Simón Bolívar, Chávez prometeu durante a madrugada a milhares de simpatizantes que vai defender seu mandato, que acaba em 2007.
"Ninguém pode parar a Venezuela. O povo está na rua e vai continuar na rua, defendendo sua revolução, defendendo sua democracia, defendendo seu governo legítimo", disse Chávez à multidão, que gritava "não passarão".
"Juro pelo Menino Jesus e por Jesus Cristo que estarei com vocês até o último dia da minha vida", afirmou.
A oposição quer que Chávez convoque um referendo sobre o fim antecipado de seu governo. O presidente diz que a Constituição só prevê esse recurso a partir da metade de seu mandato, em agosto de 2003.
Como nenhum dos dois lados demonstra intenção de ceder, cresce o temor de que haja violência generalizada. Em abril, mais de 60 pessoas morreram nos tumultos.
Numa aparente demonstração de força de Chávez, os militares declararam apoio ao presidente e chamaram a greve de "sabotagem". Os Estados Unidos e outros países pedem a realização do referendo. As negociações mediadas pela Organização dos Estados Americanos até agora não tiveram resultado.
As quase três semanas de greve já provocam reflexos no mercado mundial de petróleo, já que a Venezuela é o quinto maior exportador mundial, responsável por 13% do fornecimento internacional aos Estados Unidos.
A produção diária da Venezuela, que em novembro era de 3,1 milhões de barris, caiu para 400 mil por causa da greve. Ontem, a cotação do barril no mercado futuro dos EUA chegou a US$ 31, puxada também pela possibilidade de uma guerra no Iraque.
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