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17/06/2003
-
03h15
da Folha de S.Paulo
Bendita e invejada bota. Os hoje chamados italianos construíram o mais longo e influente império já existente, com Roma reinando sobre o mundo durante mais de cinco séculos. Sua queda marcaria o início da Idade Média. Quase um milênio depois, quando a humanidade resolveu sepultar o obscurantismo medieval, escolheu como cenário outra cidade italiana, a apenas 300 km ao norte --Florença, o grande centro intelectual e artístico europeu da Renascença.
Nos 300 anos em que foi dominada pelos Medici, uma rica e sanguinária família de banqueiros, Florença financiou arquitetos, pintores, escultores e atraiu a maior quantidade de gênios por metro quadrado que o mundo já viu. Entre os séculos 14 e 16, a cidade foi palco de revoluções na poesia (Dante Alighieri), ciência política (Maquiavel), escultura (Donatello, Cellini, Ghiberti, Giambologna), pintura (Giotto, Michelangelo, Botticelli, Filippo Lippi) e arquitetura (Bruneleschi, Giorgio Vasari).
Florença foi, por direito, a cidade de Leonardo Da Vinci, o modelo do "homem da Renascença": alguém que podia dominar arquitetura, engenharia, biologia e pintura, por exemplo. Ali nasceu o conceito do artista como se conhece hoje, um profissional remunerado pelo talento e com direitos sobre sua obra.
Passeios dispensam automóvel
Uma das vantagens da capital da Toscana é a concentração dos pontos mais interessantes na região central, acessíveis a pé. Comece visitando a Piazza della Signoria, o coração da cidade. É lá que estão as principais esculturas ao ar livre, a Galleria Uffizi, o Palazzo Vecchio e algumas sorveterias que, sem heresia, engrossam a categoria de obras-primas florentinas.
Para não tornar sua experiência frustrante, prefira visitar a praça à tarde, quando em geral há menos turistas e dá para ver as obras com calma. A mais famosa, e de certo modo um símbolo de Florença, a estátua de Davi, é na verdade uma cópia. O original está na Galleria Dell'Academia, a primeira escola de artes da Europa, na parte norte da cidade.
Encravado na praça, o Palazzo Vecchio, de 1322, sede da prefeitura, foi palco de conspirações, assassinatos e golpes variados -ali eram punidos com forca, fogueira ou espada os inimigos e ex-amigos suspeitos de conspirar contra os Medici.
Nenhuma obra é mais reveladora do clima político florentino do que o Corredor Vasariano, uma passagem de 800 metros que liga a Ufizzi, onde funcionavam os escritórios do duque Cosimo 1º, ao Palazzo Pitti, residência dos Medici. Projetado pelo arquiteto Giorgio Vasari, o corredor foi concebido para que os mandatários da cidade pudessem ir do trabalho para a casa sem o risco de serem assassinados. É a síntese perfeita da dobradinha "terror e arte" típica da "famiglia": as paredes inspiradas pelo medo abrigam obras magníficas em toda a sua extensão.
Museu abriga clássicos renascentistas
A Uffizi é visita obrigatória. O museu abriga hoje a mais importante coleção renascentista do mundo, com clássicos como "O Nascimento da Vênus", de Botticelli, e a "A Sagrada Família", de Michelangelo. Mas não deixe de reservar seu ingresso com um dia de antecedência, com hora marcada, para não ficar mais de duas horas na fila de entrada.
O museu Bargello, equivalente à Uffizi mas com acervo restrito a esculturas, é muito menos concorrido, mas não menos importante. Há uma coleção admirável de peças de Donatello, Michelangelo, Cellini e Giambologna, entre outros.
Na saída da Uffizi, próximo ao rio Arno, fica a histórica ponte Vecchio, construída em 1345. Com dezenas de joalherias, o local vive cheio, principalmente no final da tarde, quando é ocupada por centenas de interessados em ver o pôr-do-sol.
Do outro lado do Arno, além do Palazzo Pitti e seus jardins magníficos, há a praça Michelangelo, mais a leste, de onde se tem a melhor vista da cidade.
Catedral é a quarta maior da Europa
Outro ponto fundamental é o Duomo. A catedral impressiona pelo tamanho (é a quarta maior igreja da Europa), o uso das cores e, claro, seu projeto arquitetônico. A cúpula, de 1463, é a obra-prima de Bruneleschi, que inovou na construção de seu sistema de sustentação.
A principal atração, porém, está na magnífica porta do batistério, esculpida por Ghiberti (facilmente identificável pela quantidade de pessoas que se aglomeram à sua volta). Tenha paciência e tente ver com calma cada detalhe -não foi por acaso que o próprio Da Vinci a chamava de "porta do paraíso".
É preciso pelo menos quatro dias para uma visita razoável a Florença. Mesmo assim, é difícil não sair de lá sem a estranha sensação de ter visto muita coisa e ainda assim saber que não viu tudo o que devia.
SERVIÇO
Quem leva:
Agaxtur Turismo, tel. 0/xx/11/3067-0900. A partir de US$ 2.365. Inclui aéreo, traslados, nove noites em apto. duplo, com café da manhã, passando por Roma, Florença, Veneza e Sorrento.
Genesis Turismo, tel. 0/xx/11/3257-9511. A partir de US$ 1.680. Inclui aéreo, traslados, oito dias em apto. duplo, com café da manhã, visitando Milão, Veneza, Florença, Siena e Roma.
STB (Student Travel Bureau), tel. 0/xx/11/3038-1555. A partir de US$ 1.494. Inclui aéreo, seis noites em apto. duplo, com café da manhã e passe de trem por quatro dias para qualquer parte da Itália.
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Florença é o berço da arte renascentista
EMERSON PEREZda Folha de S.Paulo
Bendita e invejada bota. Os hoje chamados italianos construíram o mais longo e influente império já existente, com Roma reinando sobre o mundo durante mais de cinco séculos. Sua queda marcaria o início da Idade Média. Quase um milênio depois, quando a humanidade resolveu sepultar o obscurantismo medieval, escolheu como cenário outra cidade italiana, a apenas 300 km ao norte --Florença, o grande centro intelectual e artístico europeu da Renascença.
Nos 300 anos em que foi dominada pelos Medici, uma rica e sanguinária família de banqueiros, Florença financiou arquitetos, pintores, escultores e atraiu a maior quantidade de gênios por metro quadrado que o mundo já viu. Entre os séculos 14 e 16, a cidade foi palco de revoluções na poesia (Dante Alighieri), ciência política (Maquiavel), escultura (Donatello, Cellini, Ghiberti, Giambologna), pintura (Giotto, Michelangelo, Botticelli, Filippo Lippi) e arquitetura (Bruneleschi, Giorgio Vasari).
Florença foi, por direito, a cidade de Leonardo Da Vinci, o modelo do "homem da Renascença": alguém que podia dominar arquitetura, engenharia, biologia e pintura, por exemplo. Ali nasceu o conceito do artista como se conhece hoje, um profissional remunerado pelo talento e com direitos sobre sua obra.
Passeios dispensam automóvel
Uma das vantagens da capital da Toscana é a concentração dos pontos mais interessantes na região central, acessíveis a pé. Comece visitando a Piazza della Signoria, o coração da cidade. É lá que estão as principais esculturas ao ar livre, a Galleria Uffizi, o Palazzo Vecchio e algumas sorveterias que, sem heresia, engrossam a categoria de obras-primas florentinas.
Para não tornar sua experiência frustrante, prefira visitar a praça à tarde, quando em geral há menos turistas e dá para ver as obras com calma. A mais famosa, e de certo modo um símbolo de Florença, a estátua de Davi, é na verdade uma cópia. O original está na Galleria Dell'Academia, a primeira escola de artes da Europa, na parte norte da cidade.
Encravado na praça, o Palazzo Vecchio, de 1322, sede da prefeitura, foi palco de conspirações, assassinatos e golpes variados -ali eram punidos com forca, fogueira ou espada os inimigos e ex-amigos suspeitos de conspirar contra os Medici.
Nenhuma obra é mais reveladora do clima político florentino do que o Corredor Vasariano, uma passagem de 800 metros que liga a Ufizzi, onde funcionavam os escritórios do duque Cosimo 1º, ao Palazzo Pitti, residência dos Medici. Projetado pelo arquiteto Giorgio Vasari, o corredor foi concebido para que os mandatários da cidade pudessem ir do trabalho para a casa sem o risco de serem assassinados. É a síntese perfeita da dobradinha "terror e arte" típica da "famiglia": as paredes inspiradas pelo medo abrigam obras magníficas em toda a sua extensão.
Museu abriga clássicos renascentistas
A Uffizi é visita obrigatória. O museu abriga hoje a mais importante coleção renascentista do mundo, com clássicos como "O Nascimento da Vênus", de Botticelli, e a "A Sagrada Família", de Michelangelo. Mas não deixe de reservar seu ingresso com um dia de antecedência, com hora marcada, para não ficar mais de duas horas na fila de entrada.
O museu Bargello, equivalente à Uffizi mas com acervo restrito a esculturas, é muito menos concorrido, mas não menos importante. Há uma coleção admirável de peças de Donatello, Michelangelo, Cellini e Giambologna, entre outros.
Na saída da Uffizi, próximo ao rio Arno, fica a histórica ponte Vecchio, construída em 1345. Com dezenas de joalherias, o local vive cheio, principalmente no final da tarde, quando é ocupada por centenas de interessados em ver o pôr-do-sol.
Do outro lado do Arno, além do Palazzo Pitti e seus jardins magníficos, há a praça Michelangelo, mais a leste, de onde se tem a melhor vista da cidade.
Catedral é a quarta maior da Europa
Outro ponto fundamental é o Duomo. A catedral impressiona pelo tamanho (é a quarta maior igreja da Europa), o uso das cores e, claro, seu projeto arquitetônico. A cúpula, de 1463, é a obra-prima de Bruneleschi, que inovou na construção de seu sistema de sustentação.
A principal atração, porém, está na magnífica porta do batistério, esculpida por Ghiberti (facilmente identificável pela quantidade de pessoas que se aglomeram à sua volta). Tenha paciência e tente ver com calma cada detalhe -não foi por acaso que o próprio Da Vinci a chamava de "porta do paraíso".
É preciso pelo menos quatro dias para uma visita razoável a Florença. Mesmo assim, é difícil não sair de lá sem a estranha sensação de ter visto muita coisa e ainda assim saber que não viu tudo o que devia.
SERVIÇO
Quem leva:
Agaxtur Turismo, tel. 0/xx/11/3067-0900. A partir de US$ 2.365. Inclui aéreo, traslados, nove noites em apto. duplo, com café da manhã, passando por Roma, Florença, Veneza e Sorrento.
Genesis Turismo, tel. 0/xx/11/3257-9511. A partir de US$ 1.680. Inclui aéreo, traslados, oito dias em apto. duplo, com café da manhã, visitando Milão, Veneza, Florença, Siena e Roma.
STB (Student Travel Bureau), tel. 0/xx/11/3038-1555. A partir de US$ 1.494. Inclui aéreo, seis noites em apto. duplo, com café da manhã e passe de trem por quatro dias para qualquer parte da Itália.
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