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21/06/2004
-
06h09
enviado especial da Folha de S.Paulo ao Chile
O velocímetro corre, enquanto o retrovisor deixa para trás vilas de estilo europeu, vulcões com neve eterna, lagos cercados de florestas, fiordes e cachoeiras. A expedição mal começou, mas uma pergunta insiste em rondar a cabeça.
Como um país tão estreito como o Chile, espremido entre o Pacífico e os Andes, consegue reunir tão fascinante diversidade?
O célebre poeta chileno Pablo Neruda (1904-73) apelidou seu território de "país delgado". Ironicamente, a escassez de densidade criou um pequeno mundo de características geográficas bem distintas, do deserto árido do Atacama, ao norte, às geleiras do Parque Nacional Torres Del Paine, ao sul. Entre os extremos, a natureza semeou belezas deslumbrantes.
Exatamente pelo seu formato estreito, o Chile é ideal para ser conhecido de norte a sul --ou vice-versa. Mas prepare-se, não é o tipo de país que se mata numa tacada só. Para começar a aventura, repleta de paradas em cenários cinematográficos, o grande barato é se jogar nas estradas e desfrutar tudo com calma, como na região de lagos e vulcões, tema central desta reportagem.
A viagem começa na pequena e simpática Puerto Varas e segue, rumo ao norte, por cerca de 1.000 km, até Santiago. De carro, seja em que época for, o turista pode parar e esperar passar aquela nuvenzinha chata que está cobrindo o topo do vulcão ou torcer para que o sol volte a iluminar aquele imenso lago, rodeado de floresta.
No caminho, um vilarejo de colonizadores alemães no alto do morro que cerca o lago Llanquihue vira a atração do dia e pode se tornar tão fascinante que leva o aventureiro a esquecer a vida.
Por menos atrativa que a cidade pareça, é difícil resistir a Osorno. Siga até o centro, em direção às ruas Ramírez e Mackenna, onde estão, além da praça de Armas, a singular catedral, construída de madeira, e um conjunto de cinco casas típicas, declaradas Monumento Nacional do Chile.
Já no fim da viagem, tome cuidado ao transitar em frente ao Mercado Municipal de Temuco. O cheiro de comida crioula e dos mariscos "fisga" o transeunte pelo estômago e o obriga a uma parada rápida. Quando se der conta, a tarde já terá ido embora. Certamente, o turista não sairá de lá com as mãos abanando e lotará o carro de sacolas de artesanato dos índios mapuches.
E, o que é melhor, não tenha pressa para nada. De carro, tem-se liberdade para apreciar cada detalhe com mais tempo e privacidade, sem se preocupar se os tais "15 minutos de parada" da excursão estão se esgotando ou ter de pedir desculpas até pela demora no banheiro. Com o carro, o viajante é dono da agenda.
Saiba que é fácil dirigir pelas bem conservadas rodovias chilenas. Até as estradas de cascalho ou terra vulcânica são sinalizadas. A velocidade máxima permitida nas principais vias de acesso é de 120 km/h. Nas demais, não ultrapassa 80 km/h. Os pedágios são baratos, custam cerca de 1.500 pesos (US$ 2,50), a maioria deles está localizada na Panamericana ou Ruta Nacional, como é conhecida a maior rodovia que corta todo o país e chega até o Alasca.
O único cuidado é não se empolgar demais. No Chile, não são os tremores sísmicos e as erupções vulcânicas que abalam o visitante. Basta abrir os olhos.
Roberto de Oliveira viajou a convite da LAN, da Mobility e da Expedition.
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ROBERTO DE OLIVEIRAenviado especial da Folha de S.Paulo ao Chile
O velocímetro corre, enquanto o retrovisor deixa para trás vilas de estilo europeu, vulcões com neve eterna, lagos cercados de florestas, fiordes e cachoeiras. A expedição mal começou, mas uma pergunta insiste em rondar a cabeça.
Como um país tão estreito como o Chile, espremido entre o Pacífico e os Andes, consegue reunir tão fascinante diversidade?
O célebre poeta chileno Pablo Neruda (1904-73) apelidou seu território de "país delgado". Ironicamente, a escassez de densidade criou um pequeno mundo de características geográficas bem distintas, do deserto árido do Atacama, ao norte, às geleiras do Parque Nacional Torres Del Paine, ao sul. Entre os extremos, a natureza semeou belezas deslumbrantes.
Roberto de Oliveira/Folha Imagem |
Exatamente pelo seu formato estreito, o Chile é ideal para ser conhecido de norte a sul --ou vice-versa. Mas prepare-se, não é o tipo de país que se mata numa tacada só. Para começar a aventura, repleta de paradas em cenários cinematográficos, o grande barato é se jogar nas estradas e desfrutar tudo com calma, como na região de lagos e vulcões, tema central desta reportagem.
A viagem começa na pequena e simpática Puerto Varas e segue, rumo ao norte, por cerca de 1.000 km, até Santiago. De carro, seja em que época for, o turista pode parar e esperar passar aquela nuvenzinha chata que está cobrindo o topo do vulcão ou torcer para que o sol volte a iluminar aquele imenso lago, rodeado de floresta.
No caminho, um vilarejo de colonizadores alemães no alto do morro que cerca o lago Llanquihue vira a atração do dia e pode se tornar tão fascinante que leva o aventureiro a esquecer a vida.
Por menos atrativa que a cidade pareça, é difícil resistir a Osorno. Siga até o centro, em direção às ruas Ramírez e Mackenna, onde estão, além da praça de Armas, a singular catedral, construída de madeira, e um conjunto de cinco casas típicas, declaradas Monumento Nacional do Chile.
Já no fim da viagem, tome cuidado ao transitar em frente ao Mercado Municipal de Temuco. O cheiro de comida crioula e dos mariscos "fisga" o transeunte pelo estômago e o obriga a uma parada rápida. Quando se der conta, a tarde já terá ido embora. Certamente, o turista não sairá de lá com as mãos abanando e lotará o carro de sacolas de artesanato dos índios mapuches.
E, o que é melhor, não tenha pressa para nada. De carro, tem-se liberdade para apreciar cada detalhe com mais tempo e privacidade, sem se preocupar se os tais "15 minutos de parada" da excursão estão se esgotando ou ter de pedir desculpas até pela demora no banheiro. Com o carro, o viajante é dono da agenda.
Saiba que é fácil dirigir pelas bem conservadas rodovias chilenas. Até as estradas de cascalho ou terra vulcânica são sinalizadas. A velocidade máxima permitida nas principais vias de acesso é de 120 km/h. Nas demais, não ultrapassa 80 km/h. Os pedágios são baratos, custam cerca de 1.500 pesos (US$ 2,50), a maioria deles está localizada na Panamericana ou Ruta Nacional, como é conhecida a maior rodovia que corta todo o país e chega até o Alasca.
O único cuidado é não se empolgar demais. No Chile, não são os tremores sísmicos e as erupções vulcânicas que abalam o visitante. Basta abrir os olhos.
Roberto de Oliveira viajou a convite da LAN, da Mobility e da Expedition.
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