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23/08/2004
-
03h43
Editor de arte da Folha de S.Paulo
As praças, os monumentos, as fontes e as estátuas do centro de Roma constituem um tesouro interminável de genial testemunho do passado.
A Piazza Navona, um dos pontos emblemáticos, é ainda hoje teatro de um singular desafio arquitetônico que opôs Bernini e Borromini, dois artistas da primeira metade do século 17 que redesenharam locais importantes da capital italiana.
Embora tenham trabalhado em conjunto, ambos tinham características inconciliáveis: Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), autor das colunas da praça São Pedro, no Vaticano, como bom napolitano, era brilhante e extrovertido; já Francesco Borromini (1599-1667), de origem suíça e responsável por alguns dos maiores exemplos do barroco romano, era introvertido, algo depressivo --além de sofrer demais com o sucesso do rival.
Não por acaso, a esses dois arquitetos de gênio foi confiada a tarefa de refazer a área central da Piazza Navona: Borromini se ocupou da igreja de Santa Agnese, enquanto Bernini fez o projeto da Fonte dos Rios, com quatro estátuas representando o Nilo, o Danúbio, o rio da Prata e o Ganges, montadas sobre um obelisco de estilo egípcio.
Na sua obra, Borromini adotou uma técnica toda especial, que foi considerada controversa na ocasião: construiu a fachada da igreja de forma côncava para criar um efeito óptico que ampliasse o desenho da cúpula. Obviamente a novidade arquitetônica alimentou críticas ferozes e até suspeitas de que a fachada do templo não se sustentasse diante do peso de tanta audácia.
Na realidade, a igreja, quatro séculos depois, ainda está de pé, mas inevitavelmente Bernini, pelo menos na lenda que os romanos adotaram como sendo verdade, aproveitou para espinafrar o rival. Na sua fonte dos Rios, justamente a que fica em frente à igreja de Santa Agnese, as estátuas parecem duvidar da solidez do projeto de Borromini. A primeira, que retrata o rio da Prata, tem a mão erguida, como se a proteger o corpo de um eventual desabamento da igreja. Já a segunda, do Nilo, tem a cabeça coberta por um véu, como se recusasse ver a obra de Borromini. Obviamente não passa de uma lenda, mesmo porque Bernini terminou a fonte alguns anos antes que Borromini terminasse a Santa Agnese. De todo modo, para os romanos, a rivalidade entre os dois mestres do barroco ainda está vivíssima.
Outra particularidade da Piazza Navona, construída por ordem do papa Inocêncio 10º e inaugurada em 1651, é ter às costas dessas fontes o Palazzo Pamphilli, onde fica a sede da esplêndida embaixada brasileira, adornada no interno com afrescos de Pietro da Cortona.
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Itália-Brasil: Piazza Navona opôs gênios do barroco
MASSIMO GENTILEEditor de arte da Folha de S.Paulo
As praças, os monumentos, as fontes e as estátuas do centro de Roma constituem um tesouro interminável de genial testemunho do passado.
A Piazza Navona, um dos pontos emblemáticos, é ainda hoje teatro de um singular desafio arquitetônico que opôs Bernini e Borromini, dois artistas da primeira metade do século 17 que redesenharam locais importantes da capital italiana.
Embora tenham trabalhado em conjunto, ambos tinham características inconciliáveis: Gian Lorenzo Bernini (1598-1680), autor das colunas da praça São Pedro, no Vaticano, como bom napolitano, era brilhante e extrovertido; já Francesco Borromini (1599-1667), de origem suíça e responsável por alguns dos maiores exemplos do barroco romano, era introvertido, algo depressivo --além de sofrer demais com o sucesso do rival.
Não por acaso, a esses dois arquitetos de gênio foi confiada a tarefa de refazer a área central da Piazza Navona: Borromini se ocupou da igreja de Santa Agnese, enquanto Bernini fez o projeto da Fonte dos Rios, com quatro estátuas representando o Nilo, o Danúbio, o rio da Prata e o Ganges, montadas sobre um obelisco de estilo egípcio.
Na sua obra, Borromini adotou uma técnica toda especial, que foi considerada controversa na ocasião: construiu a fachada da igreja de forma côncava para criar um efeito óptico que ampliasse o desenho da cúpula. Obviamente a novidade arquitetônica alimentou críticas ferozes e até suspeitas de que a fachada do templo não se sustentasse diante do peso de tanta audácia.
Na realidade, a igreja, quatro séculos depois, ainda está de pé, mas inevitavelmente Bernini, pelo menos na lenda que os romanos adotaram como sendo verdade, aproveitou para espinafrar o rival. Na sua fonte dos Rios, justamente a que fica em frente à igreja de Santa Agnese, as estátuas parecem duvidar da solidez do projeto de Borromini. A primeira, que retrata o rio da Prata, tem a mão erguida, como se a proteger o corpo de um eventual desabamento da igreja. Já a segunda, do Nilo, tem a cabeça coberta por um véu, como se recusasse ver a obra de Borromini. Obviamente não passa de uma lenda, mesmo porque Bernini terminou a fonte alguns anos antes que Borromini terminasse a Santa Agnese. De todo modo, para os romanos, a rivalidade entre os dois mestres do barroco ainda está vivíssima.
Outra particularidade da Piazza Navona, construída por ordem do papa Inocêncio 10º e inaugurada em 1651, é ter às costas dessas fontes o Palazzo Pamphilli, onde fica a sede da esplêndida embaixada brasileira, adornada no interno com afrescos de Pietro da Cortona.
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