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10/03/2005 - 10h14

América semeia apreço por vinícolas

HELOISA LUPINACCI
MARGARETE MAGALHÃES

da Folha de S. Paulo

A história de dois homens que pegam o carro e visitam vinícolas no sul da Califórnia, contada no filme "Sideways-Entre Umas e Outras", ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado deste ano. E, ao redor do mundo, turistas adaptam esse roteiro aos seus interesses, indo de uma vinícola a outra, de uma região produtora tradicional para algum integrante do novo mundo enológico.

No mesmo continente dos protagonistas que seguem os passos de Baco nos EUA, Argentina, Chile e Brasil oferecem suas rotas de uvas, com vinícolas de grande e pequeno portes.

Na Argentina, o enoturista tem menos trabalho: 70% da produção de vinho do país é realizada em Mendoza, no sopé da cordilheira dos Andes.

Margarete Magalhães/Folha Imagem
Vale de Casablanca, entre Santiago e Viña del Mar, é um dos produtores de cepas brancas
Já no Chile, a produção de vinho se esparrama por 12 vales. O de Limarí é o mais setentrional, no caminho para o deserto do Atacama. No outro extremo, na gelada Patagônia, está o Malleco, que recebe o título de mais austral região de produção de vinhos do Chile. No meio, o vale de Casablanca já é considerado o melhor produtor de vinho branco do país.

Mesmo que não tenha uma produção tão tradicional quanto a de seus vizinhos, o Brasil não faz feio na hora de exibir suas paisagens para aqueles que viajam atrás de cachos de uvas maduros esperando para serem fermentados.

Do vale dos Vinhedos, no Sul, onde a noite é fria e o sotaque é italianado, ao vale do rio São Francisco, no Nordeste, com fala arretada e noites suadas, o cultivo de uvas cresce na mesma medida que o consumo de vinho do país. Nas lojas da rede Pão de Açúcar, 65% do vinho vendido é nacional. Os "hermanos" Chile e Argentina vêm logo atrás. E, com menos de 3% de vendas cada um, estão França, Itália e Portugal.

Independentemente do filme, o enoturismo reverbera na América. Grandes vinícolas como Concha y Toro, no Chile, Salentein, na Argentina, e Miolo e Valduga, no Brasil, vêem o número de visitantes em suas bodegas crescer.

Segundo a Concha y Toro --que recebe 30% de brasileiros em sua propriedade em Pirque--, as visitações aumentaram 70% nos dois últimos anos. A vinícola recebe 50 mil turistas por ano e, graças a esse crescimento, está ampliando a sala de degustação e o estacionamento.

A Salentein, em Mendoza, recebeu 13 mil enoturistas em 2004. Devido à demanda de turismo, está erguendo um novo complexo que terá restaurantes, galeria de arte e auditório com projeção de um filme que mostrará do cultivo da uva até a elaboração do vinho.

"Mendoza recebeu 1,5 milhão de pessoas no ano passado. O enoturismo é uma atividade que combina o conhecimento do mundo do vinho com o prazer de desfrutar vinhos de alta qualidade num lugar maravilhoso", diz Victoria Yornet, da Salentein.

No Brasil, a Valduga, em Bento Gonçalves, tem recebido tantos turistas que não aceita mais grupos que chegam de ônibus ou de van. "Estamos tentando dirigir o turismo, porque senão atrapalha a produção", diz Juarez Valduga.

Para atender o enoturista, nos moldes do que já é feito no Chile e na Argentina, a Miolo participa da construção de um hotel de 120 quartos em Bento Gonçalves, a ser aberto no final deste ano.

A Valduga, que já tem três pousadas de frente para a vinícola, abrirá uma nova em 2005 e dá início à sua quinta hospedagem ainda neste ano. "Continuamos apostando no enoturismo. De 1995 para cá não paramos de construir estrutura para receber turistas", diz Juarez Valduga.

A crença de que brasileiros estão dentro da rota de enointeressados é confirmada pelo vinhateiro Michael Silacci, da elegante Opus One, da Califórnia. Numa degustação, ele diz a Lawrence Osborne, autor de "O Connaisseur Acidental": "As elites no Chile já são uma autêntica classe vinícola. Também há muitos brasileiros metidos em vinho".

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