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31/03/2005
-
10h14
Enviado especial a Fernando de Noronha
É lugar-comum chamar Fernando de Noronha de paraíso. Ironicamente, poucos hoje se lembram que esse conjunto de 21 ilhas e ilhotas foi, por 201 anos, um presídio infernal.
De acordo com a história oficial, o arquipélago foi descoberto em 1503 por Américo Vespúcio, o intrépido navegador florentino que deu nome à América.
Isso ocorreu quando, integrando a segunda expedição exploradora da costa brasileira, capitaneada por Gonçalo Coelho, Vespúcio aportou no arquipélago.
Mas, como nem tudo é pacífico na história dessas ilhas de exuberante vida submarina na costa brasileira, Vespúcio não deve ter sido o primeiro europeu a visitar o local.
O mapa do espanhol Juan de la Cosa, de 1502, e o atlas do português Alberto Cantino, de 1503, já delineiam perfeitamente as ilhas, dando margem a dúvidas sobre de quem seria o pioneirismo.
É certo, entretanto, que, em 1504, o cristão-novo Fernan de Loronha, financiador de Gonçalo Coelho, foi designado por Portugal donatário da capitania hereditária -e jamais esteve ali.
Estratégico na travessia dos europeus rumo à América do Sul na época das navegações, o arquipélago de Fernando de Noronha também foi chamado em algumas cartas de ilha da Quaresma, de ilha dos Golfinhos e de ilha de São João. Dependia do invasor, e esse papel coube sucessivamente a holandeses, franceses e ingleses. O local voltou ao domínio português em 1737.
História recente
Entre 1938 e 1945, Fernando de Noronha foi um presídio político. O ex-governador pernambucano Miguel Arraes esteve preso ali.
Uma das conseqüências da utilização do arquipélago como colônia penal foi o desmatamento. Para evitar que os presos pudessem fabricar jangadas, foram arrancadas árvores. Mas outras "experiências" modificaram o ambiente local indelevelmente: a importação do teju, um tipo de lagarto, para eliminar as ratazanas que vinham nos navios, fez escassear ovos de aves e de tartarugas.
Já as trepadeiras jitiranas, introduzidas a pretexto de alimentar o gado, multiplicaram-se mais do que o desejável.
Em 1942, quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Brasil concordou que os norte-americanos lá montassem uma estação para rastreamento aéreo na vila do Boldró, onde fica o hotel Esmeralda.
Fernando de Noronha passou, na prática, à condição de Território Federal, condição confirmada pela Constituição de 1945.
Quando o arquipélago se livrou da sua função de presídio, o então presidente Juscelino Kubistchek lá esteve, em 1957.
Nos anos seguintes, as Três Armas passaram a administrar o arquipélago em regime de rodízio.
Em 1987, no governo de José Sarney, o jornalista Fernando César Mesquita foi nomeado governador, tendo sido o único civil a desempenhar a função. No ano seguinte, a Constituição devolveu a jurisdição ao governo do Estado de Pernambuco.
Silvio Cioffi viajou a convite da CVC.
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SILVIO CIOFFIEnviado especial a Fernando de Noronha
É lugar-comum chamar Fernando de Noronha de paraíso. Ironicamente, poucos hoje se lembram que esse conjunto de 21 ilhas e ilhotas foi, por 201 anos, um presídio infernal.
De acordo com a história oficial, o arquipélago foi descoberto em 1503 por Américo Vespúcio, o intrépido navegador florentino que deu nome à América.
Isso ocorreu quando, integrando a segunda expedição exploradora da costa brasileira, capitaneada por Gonçalo Coelho, Vespúcio aportou no arquipélago.
Mas, como nem tudo é pacífico na história dessas ilhas de exuberante vida submarina na costa brasileira, Vespúcio não deve ter sido o primeiro europeu a visitar o local.
O mapa do espanhol Juan de la Cosa, de 1502, e o atlas do português Alberto Cantino, de 1503, já delineiam perfeitamente as ilhas, dando margem a dúvidas sobre de quem seria o pioneirismo.
É certo, entretanto, que, em 1504, o cristão-novo Fernan de Loronha, financiador de Gonçalo Coelho, foi designado por Portugal donatário da capitania hereditária -e jamais esteve ali.
Estratégico na travessia dos europeus rumo à América do Sul na época das navegações, o arquipélago de Fernando de Noronha também foi chamado em algumas cartas de ilha da Quaresma, de ilha dos Golfinhos e de ilha de São João. Dependia do invasor, e esse papel coube sucessivamente a holandeses, franceses e ingleses. O local voltou ao domínio português em 1737.
História recente
Entre 1938 e 1945, Fernando de Noronha foi um presídio político. O ex-governador pernambucano Miguel Arraes esteve preso ali.
Uma das conseqüências da utilização do arquipélago como colônia penal foi o desmatamento. Para evitar que os presos pudessem fabricar jangadas, foram arrancadas árvores. Mas outras "experiências" modificaram o ambiente local indelevelmente: a importação do teju, um tipo de lagarto, para eliminar as ratazanas que vinham nos navios, fez escassear ovos de aves e de tartarugas.
Já as trepadeiras jitiranas, introduzidas a pretexto de alimentar o gado, multiplicaram-se mais do que o desejável.
Em 1942, quando os EUA entraram na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Brasil concordou que os norte-americanos lá montassem uma estação para rastreamento aéreo na vila do Boldró, onde fica o hotel Esmeralda.
Fernando de Noronha passou, na prática, à condição de Território Federal, condição confirmada pela Constituição de 1945.
Quando o arquipélago se livrou da sua função de presídio, o então presidente Juscelino Kubistchek lá esteve, em 1957.
Nos anos seguintes, as Três Armas passaram a administrar o arquipélago em regime de rodízio.
Em 1987, no governo de José Sarney, o jornalista Fernando César Mesquita foi nomeado governador, tendo sido o único civil a desempenhar a função. No ano seguinte, a Constituição devolveu a jurisdição ao governo do Estado de Pernambuco.
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