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17/09/2010 - 13h48

Jovem estilista vence concurso com coleção inspirada nos samurais

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MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

Divulgação
André Lucian, vencedor do concurso Future Designers
André Lucian, 24, vencedor do concurso Future Designers

As vestimentas de guerra dos samurais inspiraram a mini-coleção que deu a Andre Lucian Leal, 24, o primeiro lugar no concurso Future Designers, promovido pela Lycra, na última quarta-feira (15). O jovem estilista catarinense, que mora no Rio de Janeiro, vai para a Alemanha visitar a feira Bread and Butter, maior referência do setor de jeanswear no mundo.

Em sua segunda edição, o Future Designers escolheu como tema o jeans e recebeu mais de 700 inscrições de jovens estilistas, seu público alvo. Dessas centenas, 60 foram selecionados e apenas 12 chegaram à final.

Único homem entre os finalistas, Andre pesquisou tudo sobre samurais para confeccionar as peças do desfile. "Descobri como eram feitos os quimonos e as armaduras, e tentei reproduzir esse processo no meu trabalho". A partir disso, o designer de moda criou, entre outros, um vestido feito com tramas entrelaçadas, que reproduzem as camadas feitas de ferro e palha das armaduras dos guerreiros.

"Foi um desafio trazer um conceito masculino para o universo feminino", explica Andre, que é faixa-preta em caratê e lutava profissionalmente em Blumenau, sua cidade natal, antes de tentar se "encontrar na vida" na capital fluminense. Atualmente, ele é estilista do setor masculino da marca Redley.

Todos os finalistas receberam um kit com 15 metros de denim (jeans) e tiveram cerca de um mês para confeccionar a mini-coleção para a final, que deveria ter cinco peças e três "looks" para as modelos usarem no desfile. Qualquer tipo de interferência era permitida: lavagem, textura e tingimento, entre outras, desde que estivesse de acordo com critérios importantes para a avaliação, como modelagem e acabamento.

Andre, por exemplo, tingiu de roxo algumas tramas do vestido trançado. "Gosto de cores fortes, e também aproveitei para usar os lados direito e avesso do tecido", explica.

No fim do ano, Andre se forma no curso de graduação em moda da faculdade Cândido Mendes, do Rio de Janeiro. "Esse concurso ajudou a clarear algumas propostas que eu tenho para a minha carreira", conta. "Vou começar a pensar no feminino, criar uma coleção mais extensa".

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A mini-coleção de André
Modelos da agência Way desfilam os "looks" de Andre Lucian durante a final do concurso, realizada no Lions Nightclub, em São Paulo

OS OUTROS 11 FINALISTAS
Os "looks" das fotos classificaram os estilistas para a final

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legenda: Semifinal Clara, Future Designs crédito: Divulgação

Clara Cohen (Rio de Janeiro) - 2º lugar
Clara, 23, nasceu em Belém e mora no Rio há 21 anos. Começou a estudar arquitetura na faculdade Cândido Mendes e desistiu no terceiro ano. "Saí para fazer algo que eu ainda não sabia o que era", conta aos risos. Atualmente, está no primeiro ano do curso de moda. Com a mini-coleção "A Noiva Jeans", ela conquistou o segundo lugar do concurso.

"Eu quis levar o jeans para onde ele ainda não está", explica. Versáteis, as noivas de Clara usam vestidos que se desmontam e se transformam em peças para usar no dia a dia. Destaque para as caudas dos vestidos e o fraque que se transforma em macaquinho. A jovem estilista tem um ateliê com a tia.

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legenda: Semifinal Claudia, Future Designs crédito: Divulgação

Claudia Regina Martins (São Paulo)
Prestes a se formar no curso de design de moda da universidade Anhembi-Morumbi, Claudia, 31, estudou o cotidiano da mulher brasileira para montar a coleção do concurso. "A ideia é atender às necessidades da brasileira, sem descaracterizar sua sensualidade", explica.

Um dos vestidos criados por ela vai até o pé, mas pode ser encurtado, já que suas partes são ligadas por zíperes. Um outro modelito tem uma única manga, que é comprida. "Procurei não mexer na textura e na cor do denim, preferi trabalhar a modelagem".

Entre suas referências, Claudia cita Glória Coelho, João de Morais, Ronaldo Fraga e Reinaldo Lourenço.

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legenda: Semifinal Danielly, Future Designs crédito: Divulgação

Danielly Cristina Narimato (Londrina, PR)
A diversidade étnica e cultural do Brasil foi o tema escolhido por Danielly, 20, para criar vestidos e macaquinhos. Estudante do terceiro ano do curso de moda da UEL (Universidade de Londrina), a jovem designer trabalhou assimetria, curvas e retas em suas peças.

As estampas de flores foram feitas a partir da técnica da serigrafia e alvejamento com resina. Babados e botões em vermelho completam o visual étnico da coleção. "A pesquisa é muito importante para você poder dar forma as suas inspirações".

Desde criança Danielly mostrava interesse por moda, mas também não sabia que era possível seguir carreira nessa área. Nascida em Rondônia, ela foi morar em Londrina com 17 anos para fazer faculdade.

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legenda: Semifinal Denise, Future Designs crédito: Divulgação

Denise Emy Shirane (São Paulo)
A história e a música dos Beatles transformaram-se em jeans na coleção da paulistana Denise, 22. "Trabalhei a parte lúdica das músicas nos cinco vestidos que criei", conta. Nuvens, babados e algumas referências não muito óbvias deixam o público livre para adivinhar a quais músicas ela se refere nas peças. "É uma banda que lembra muito meus pais".

Denise também gosta de arte de rua, acessa muitos blogs de graffitti em busca de referências visuais.

"Desde pequena eu gostava de costurar uns trapos e transforma-los em roupas para a Barbie. Cresci e continuei me interessando por isso, mas não imaginava que poderia viver dessa profissão". Atualmente, a designer cursa têxtil e moda na USP (Universidade de São Paulo).

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legenda: Semifinal Juliana, Future Designs crédito: Divulgação

Juliana Yumi Moriya (Curitiba)
Juliana, 26, diz que o que despertou seu interesse por moda foi a faculdade de arquitetura, que começou, mas não terminou. Atualmente, ela está no terceiro módulo do curso de estilismo, no Senai, em Curitiba, sua terra natal. "O curso de arquitetura trabalha muito o processo de criação, e isso acabou reforçando meu gosto por moda", explica.

Para a final do concurso, ela criou uma coleção inspirada no caos das grandes metrópoles. "Tentei transpor paras as peças a poluição visual e a repetição de elementos que vemos nas grandes cidades". Em um dos vestidos, ela reproduz as nuvens: "Às vezes só reparamos nas nuvens quando elas se refletem nas janelas dos prédios".

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legenda: Semifinal Larissa, Future Designs crédito: Divulgação

Larissa M. Lustosa Aragão (Belém)
O desabrochar das flores foi a inspiração de Larissa, 21, para montar a coleção do concurso. Cada uma das cinco peças é inspirada em uma flor: tulipa, crisântemo, jasmim, helicônia e copo-de-leite.

"Para criar algumas texturas, usei a fibra de tururi amazônica, que envolve o fruto de uma palmeira chamada ubuçu", detalha.

Aos 13 anos, Larissa ficou amiga das estilistas da Cooperativa Costa Amazônica, para a qual desfilava. "Minha tia á artesã também, então eu cresci nesse meio". Hoje, estuda design de produto na Uepa (Universidade Estadual do Pará) e quer se especializar em design de moda quando se formar.

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legenda: Semifinal Luana, Future Designs crédito: Divulgação

Luana Cascais Ribeiro (Goiânia) - 3º lugar
O mundo engraçado e estranho de Alice é o tema da mini-coleção de Luana, 22, que conquistou o terceiro lugar do concurso. "Eu quis trazer o sonho para a moda, o lúdico", explica. "Tudo acontece tão rápido hoje em dia que não sabemos mais o que é sonho e realidade". Cada "look" apresentado leva a característica mais marcante de cada personagem retratado: Alice, o coelho, o chapeleiro, a rainha vermelha e os gêmeos.

Das peças que mais chamaram a atenção no desfile estão o vestido da rainha vermelha --diversas mangas de jaquetas jeans saíam da cintura-- e o macacão com pontas laterais e um laço na frente. Modelagens diferentes e estampas em xadrez foram essenciais para criar nas roupas uma identidade lúdica.

Luana, que está no último ano do curso de desenho de moda na faculdade Santa Marcelina, em São Paulo, já desenhou acessórios para a Cavalera.

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legenda: Semifinal Natalia, Future Designs crédito: Divulgação

Natália Bertolo (Novo Hamburgo, RS)
Prestes a se formar em design de moda e tecnologia na universidade Feevale, em Novo Hamburgo (RS), Natália, 22, pensa no jeans como sendo a segunda pele da mulher. Sendo assim, para a final do concurso, ela desenvolveu uma coleção baseada na poesia "Apelo à pele", de Tetê Catalão, que fala sobre as interferências que a pele sofre ao longo da vida.

"O jeans surgiu como artefato de proteção", conta Natália, que tratou suas peças como armaduras. E são nessas "armaduras" que ela mostra a interferência do tempo na pele do homem. Ela criou calças cujas pernas "vestem" os sapatos, dando a impressão de que é tudo uma coisa só. "Gosto de me inspirar em conceitos mais subjetivos, para poder mostrar uma interpretação própria, sem muito limite".

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legenda: Semifinal Patricia, Future Designs crédito: Divulgação

Patrícia Gimenez Britto (São Paulo)
Uma calça, um colete, um shorts, um blazer e um vestido. A mini-coleção de Patricia, 23, estudante de moda da Universidade Anhembi-Morumbi, é toda desestruturada e "rasgada", cheia de zíperes e alfinetes à mostra. Isso porque quis reproduzir a cena em que Edward Mãos de Tesoura vai para a cidade e rasga sua roupa num ataque de fúria. "Estou fascinada por personagens que têm na cabeça um undo particular bem interessante", explica.

Patrícia criou o que ela chama de tie die "caveira". "Me deram metros de jeans preto e eu achei o máximo: prendi algumas partes do tecido com alfinete e o mergulhei na água sanitária. Isso fez com que se formassem perfeitamente os olhos e a boca da caveira", conta.

Por conta dessa fase obscura, ela foi chamada pela estilista Cris Barros --conhecida por um estilo delicado e feminino-- para criar ajudá-la a criar a coleção de inverno 2010 e verão 2011. "Ela queria uma coisa mais 'dark'".

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legenda: Semifinal Renata, Future Designs crédito: Divulgação

Renata Lampert (Porto Alegre)
A mais nova da turma de finalistas, Renata, 19, estuda design de moda no IPA (Centro Universitário Metodista IPA), em Porto Alegre, e faz curso técnico em moda no Senac. Assim como alguns de seus colegas, encontrou na arquitetura um estímulo para seguir a carreira de estilista. Cristobal Balenciaga, conhecido como o arquiteto da moda, é uma de suas grandes referências.

Fascinada por formas e conceitos futuristas, Renata escolheu como tema de sua confecção a chegada do homem à lua. Em suas peças, ela reproduz parte das roupas de astronautas, como estruturas afofadas e dobras repetidas nas laterais dos vestidos. Cortes retos e decotes profundos valorizam o visual futurista. "Procuro trabalhar mais a modelagem do tecido, sem interferir em textura", explica.

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legenda: Semifinal Taciana, Future Designs crédito: Divulgação

Taciana Massignani (Cianorte, PR)
A lenda da tulipa negra rendeu uma coleção com calça, saia, camisa, casaco e vestido, peças que ganharam as formas da flor rara. Taciana, 21, usou cortes arredondas para reproduzir as pétalas da flor. Bordados e estampas lembram nervuras e folhas. "Como a lenda é de origem turca, eu quis dar às peças o volume dos turbantes".

"Eu era daquelas crianças que trocavam de roupa 50 vezes no dia, minha mãe ficava louca", lembra. "Na minha região, profissão é médico, advogado. Eu não sabia que era possível trabalhar com moda". Taciana está terminando o curso de moda na UEM (Universidade Estadual de Maringá) e trabalha como designer da marca Morena Rosa.

 
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