Maratona de teatro reúne amadores e escolas de artes cênicas de todo o Brasil

IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

Começa hoje (20) em Belo Horizonte uma maratona pelos palcos da capital mineira em dez dias. O Feto (Festival Estudantil de Teatro) chega à décima edição e traz peças amadoras e de escolas de artes cênicas de todo o Brasil, além de oficinas e workshops.

Segundo a idealizadora e coordenadora do festival, Bárbara Bof, o Feto surgiu para estimular e dar apoio a estudantes que querem fazer teatro. "O foco é a formação dos jovens, não só artística mas também humana", diz.

Dividido em duas categorias, teatro de escola (alunos do ensino fundamental e médio) e escola de teatro (alunos de ensino superior), o festival tem 15 espetáculos selecionados entre mais de 900 inscritos.

Um dos destaques da categoria teatro na escola é a peça "Um Certo Príncipe - Um Hamlet Itinerante", do grupo Brinquedo Torto, de Santo André (SP).

A montagem dos estudantes do ensino médio adaptou o clássico de William Shakespeare de maneira ousada, utilizando vários espaços durante a apresentação.

"Para que não haja uma estrela, todos os atores interpretam Hamlet em algum momento", explica o diretor da companhia, Varlei Xavier. "O festival é uma experiência muito forte, principalmente porque é a primeira vez que alguns dos adolescentes viajam sem os pais. É uma troca de conhecimentos e de experiências."

Bárbara concorda. Para ela, a vontade dos jovens de fazer e de vivenciar o teatro, além da disponibilidade pela troca, é o ponto comum entre todos os espetáculos.

"Abolimos a ideia da competitividade que o festival tinha", explica Bárbara. "O corpo de jurados irá escolher os destaques, como, por exemplo, a melhor coreografia ou a melhor utilização de vídeo. Mas não há prêmios de melhor ator, diretor etc."

Direto de Curitiba, a Minha Nossa Cia. de Teatro levará o espetáculo infantil "O Homem do Banco Branco e a Amoreira" para o Feto, na categoria escola de teatro.

"É o primeiro espetáculo do grupo, formado por estudantes de várias faculdades do Paraná", explica Bruno Nicoletti, produtor da trupe. "É sobre o encontro de duas crianças sob o pé de amora e trabalha questões do tempo e do corpo para as crianças."

"Estamos empolgados com a viagem e muito felizes", diz Bruno. "Queremos conhecer algumas das outras companhias que vão participar do festival."

"Teatro é sempre um caminho para os jovens se conscientizarem e se colocarem no lugar do outro, ao mesmo tempo em que se percebem no mundo. É um contato humano e sensível para perceberem a importância do trabalho em grupo", resume Bárbara.