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06/12/2010 - 11h11

Pai de Freddy Krueger, Wes Craven estreia "A Sétima Alma" na sexta; leia entrevista

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IURI DE CASTRO TÔRRES
DE SÃO PAULO

Wes Craven é o pai de uma das criaturas mais assustadoras da história do cinema, o monstrengo Freddy Krueger, da franquia "A Hora do Pesadelo". Também é uma das mentes por trás de "Pânico", outra franquia de sucesso que chega ao quarto episódio em 2011. Leia abaixo bate-papo exclusivo do Folhateen com o cineasta, que lança "A Sétima Alma" na sexta-feira (10).

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Nicole Rivelli/Rogue
Cena de "A Sétima Alma", que estreia no Brasil na sexta-feira (10)
Wes Craven com os atores John Magaro e Max Thieriot durante preparação de cena

FOLHA - Essa é a primeira vez desde 1994 que você escreve e dirige um filme? Por que "A Sétima Alma"?
Wes Craven - Fiquei fascinado com essa ideia de um assassino com sete personalidades, e sete crianças nascendo no dia da morte dele, sendo uma delas seu filho. É muito divertido dirigir algo que você mesmo escreveu, mas também muito difícil. Foi muito divertido.

Como surgiu a ideia? O senhor acredita em múltiplas almas?
Não posso afirmar que isso existe, mas é um artifício fascinante. Sempre achei interessante a história bíblica de os pecados do pai recaírem sobre os filhos, o que herdamos de gerações anteriores, histórias e segredos de família. Esse é o tipo de "transferência de alma" em que acredito.

O que o senhor levou em conta ao escolher os atores?
O filme foi escrito com personagens jovens, então é difícil ter atores de 22 anos interpretando eles, o que acontece muito em Hollywood. Começamos a procurar por jovens com idades próximas a dos personagens. Max Thieriot já tinha atuado em papeis secundários em alguns filmes, mas a maioria nunca tinha estado em um filme. Eles também tinham de se conectar com o personagem.

É mais difícil trabalhar com adolescentes?
Não acho mais difícil, porque já trabalhei muito com atores iniciantes. A única parte mais difícil é o treinamento técnico, que inclui ensiná-los a chegar na hora (risos). Eles são "frescos", vêm com menos bagagem.

"A Sétima Alma" foi sua primeira experiência em 3D? O que achou?
Sim. É incrível. Foi filmado em 2D, mas o estúdio quis que fosse em 3D. No começo, estava relutante, mas me mostraram o que está sendo feito hoje em dia em 3D e é muito mais do que apenas um processo no computador. O estúdio não pressionou para fazer aquele tipo de 3D em que os objetos ficam voando em sua direção. Usamos a tecnologia de forma bem sutil, mas sempre relevante.

Esse é o futuro do cinema?
A história é tudo, depois as atuações. Minha maior objeção ao 3D é que você tem de usar aqueles óculos, e sempre tenho vontade de tirá-los. E eles são meio cinzas e cortam a luminosidade do filme. Tudo depende de uma boa projeção, e alguns donos de cinema usam luzes fracas. Isso está fora do nosso controle. É uma tecnologia muito nova, mais ou menos igual quando os filmes passaram a ter som. Teremos que nos adaptar. Ainda bem que há a opção de assistir em 2D.

O senhor faria outro filme em 3D?
Depende. Se for um filme de ação ou de monstro que peça isso... Mas devo dizer que amo o jeito de filmar em 2D. E também prefiro assistir em 2D.

Por que filmes de terror têm tanto apelo entre os jovens?
Geralmente, porque há uma boa ideia por trás deles. Eles levantam discussões sobre assuntos importantes, como a série "Pânico" fez no passado recente. Eles também têm muito humor, as pessoas dão boas risadas quando assistem. Tento fazer minhas histórias bastante originais e interessantes. Espero que seja por isso que eles façam sucesso.

O que sempre assusta o público?
As pessoas se assustam com coisas que estão relacionadas com elas, mas de um jeito que elas ainda não tinham visto. A originalidade é extremamente importante. E tem que ser imprevisível, mesmo que a situação seja clichê. Você tem que se adiantar à audiência, para que ela possa dizer "alguém vai sair daquele armário", ou algo assim.

O senhor acompanha essa nova cena de horror, de filmes como "Atividade Paranormal" e "REC"?
Achei "Atividade Paranormal" muito original e divertido. Gosto desse tipo de filme que lembram "A Bruxa de Blair". Usamos filme como se fosse algo que realmente aconteceu, e isso é poderoso para o público.

A Sétima Alma" é muito violento e tem um banho de sangue. Qual sua opinião sobre os críticos que dizem que esses filmes podem influenciar negativamente os jovens?
Sou membro do Directors Guild of America (Associação de Diretores da América) e estudo sobre isso há muito tempo e, na maioria dos casos, não há nenhuma prova de que isso aconteça. Por outro lado, lido há 40 anos com público dessa idade, que tem sido sempre muito doce. Sempre haverá uma parte do público que é criminoso, porque é algo estatístico. Mas não acho que videogames e filmes tenham algo a ver com isso.

Como era o Wes Craven adolescente?
Uma pessoal totalmente desconectada do cinema. Era membro de uma igreja muito rígida. Com exceção da Disney, não podia assistir a nenhum filme, então só assisti ao meu primeiro filme de terror aos 30 anos. Era professor de faculdade, assisti "A Noite dos Mortos-Vivos" [de George Romero] e fiquei maravilhado. Estava resistente a ir, porque não queria me assustar. Mas, de repente, o público estava pulando e gritando, e eu também! Era um filme desafiador e totalmente inovador. Quando estava na escola, estudei o "teatro do absurdo" e como a audiência ficava inconformada com as peças e saía. Isso foi exatamente o que aconteceu com alguns dos meus filmes. Pensei: "Estou fazendo algo desafiador".

Está nervoso com o lançamento de "Pânico 4"?
Nem um pouco. Muita gente está esperando por isso. Foi muito divertido rever esses personagens depois de tantos anos.

Preparado para um novo "Todo Mundo em Pânico" sacaneando ele?
Não sei se eles ainda continuam fazendo esses filmes (risos).

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Protagonista de "A Sétima Alma", Max Thieriot, 22, é uma das novas estrelas teen de Hollywood. Leia abaixo a conversa que o ator teve com o Folhateen.

Nicole Rivelli/Rogue
Cena de "A Sétima Alma", que estreia no Brasil na sexta (10)
Cena de "A Sétima Alma", que estreia no Brasil na sexta (10)

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FOLHA - O papel de Bug foi inicialmente escrito para outro ator, que ficou doente. Bem sortudo você, hein?
Sim, foi ótimo para mim. É um personagem muito complexo, que exigiu um preparo forte. Assisti a vários filme e li muitos artigos sobre distúrbios de personalidade. Estou muito feliz de tê-lo interpretado.

O que você e Bug têm em comum?
Nossa... Não muita coisa, e é exatamente isso que me atraiu no personagem. É sempre bom para um ator ter desafios.

Você já conhecia os colegas de elenco?
Não, mas passamos muito tempo juntos antes das filmagens. E a escolha de elenco que o Wes [Craven, diretor] fez ajudou na boa química que tivemos.

As filmagens foram divertidas?
Muito! Teve alguns momentos loucos, como filmar na chuva forte, às três da manhã. Estávamos sempre nos divertindo.

Como foi trabalhar com Wes Craven?
Foi incrível, surreal. Não sabia exatamente o que esperar dessa experiência, afinal ele é o cara que criou "A Hora do Pesadelo" e o Freddy Krueger. Tinha uma imagem de uma pessoa assustadora, mas ele não é nada disso. Na verdade, é muito gentil, quieto e extremamente brilhante.

Você já conhecia o trabalho dele antes?
Sou muito fã dos filmes de "Pânico" e "A Hora do Pesadelo". Wes Craven é o mestre da cena de terror.

Bug é seu papel mais importante até agora?
Acho que sim, pois foi muito desafiador. É a primeira vez que tive que levar quase o filme todo.

"A Sétima Alma" é muito violento. Por que esse tipo de filme tem tanto apelo entre os adolescentes?
Eles são divertidos de assistir. E os adolescentes também gostam de levar as meninas para assistir os filmes assustadores e poderem ficar mais perto delas. Ela quer segurar sua mão, porque está assustada. Pelo menos essa é minha experiência de colégio (risos). E o 3D só melhora isso.

Você acredita em almas múltiplas e possessão, temas tratados no filme?
Não acredito em almas múltiplas, mas com certeza acredito em alma. Acredito no conceito de que sua alma continua rodando por aí. Foi algo totalmente novo para mim.

Quais os planos para depois de "A Sétima Alma"?
Estou em um filme que será lançado no próximo ano, chamado "House at the End of the Street", que é um thriller psicológico. Arriscaria dizer que é uma mistura entre os filmes "Paranoia", "Psicose" e "Beleza Americana". Vai ser incrível. Também estou fazendo um filme chamado "Yellow", sobre uma menina que sofre com vício em drogas. Faço o irmão mais velho dela.

Quando não está trabalhando, o que você gosta de fazer?
Qualquer coisa ao ar livre, principalmente esportes.

Como era o Max adolescente?
Não muito diferente de agora, só menor (risos). Era mais "selvagem", sabe? Sempre me metia em problemas com meus amigos, todo tipo de coisa, como pular de pontes e assustar pessoas (risos).

Você cresceu na Califórnia. As escolas de verdade são como as que vemos nos filmes, cheias de grupinhos?
Sim, aquilo tudo existe mesmo. Eu era aquele cara que é amigo de todo o mundo, em todos os grupos.

Já veio ao Brasil?
Não, nunca. Não conheço muita coisa daí, mas eu luto jiu-jitsu em Los Angeles com dois caras da família Gracie. É muito divertido. Ainda estou aprendendo, espero melhorar com o tempo.

 
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