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17/12/2010 - 15h47

Alunos jogam luz em problemas sociais do Brasil em olimpíada de português

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MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

O tema da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro deste ano veio a calhar com o problema que a professora Sônia do Nascimento Ferreira e os outros mais de quatro mil habitantes de Baraúna (PA) enfrentam.

"É muito pré-histórico tomar banho de cuia quando se tem acesso à tecnologia", explica. A cidade, que possui serviços de internet e telefonia celular, não tem água encanada.

Para participar da olimpíada, que acontece a cada dois anos e mobiliza escolas públicas do Brasil inteiro, ela e os alunos da escola estadual de ensino médio onde trabalha teriam que desenvolver artigos de opinião (uma espécie de dissertação) sobre algum aspecto do lugar onde vivem. "Não tinha como fugir desse assunto", conta Sônia.

Logo a professora organizou seus pupilos em dois grupos, que partiram para a pesquisa de campo --eles bateram em cerca de 500 portas pra saber como cada morador se virava para ter água em casa.

Depois de três meses apurando e participando de oficinas de leitura e escrita com o material cedido pela equipe da olimpíada, os alunos tiveram suas redações avaliadas. Somente uma delas seria escolhida para a semifinal.

"Eu nunca tinha escrito um artigo de opinião. É interessante porque é uma forma de se impor sobre um assunto", explica Ezielma Rodrigues da Silva, 18, aluna de Sônia e autora do artigo semifinalista.

Marcia Minillo/Divulgação
Em destaque, Ezielma Rodrigues da Silva, 18, da Paraíba (Olimpíadas de Língua Portuguesa)
Ezielma Rodrigues da Silva (à dir.), 18, da Paraíba, durante atividade com os semifinalistas em SP

Assim como Ezielma, André Ribeiro, 18, também foi para a semifinal. Mas sua realidade era outra. Habitante de Duque de Caxias (RJ), o estudante mora ao lado de um lixão.

"Há muitas pessoas que sobrevivem do lixão, mas há outras muitas que estão morrendo por contaminação", explica. Para esse problema, ele teve que apresentar uma solução: "O governo precisa engatar um projeto sustentável, aumentar o investimento nas usinas de biogás, e ajudar na inclusão dos catadores".

Uma das vencedoras da categoria artigo de opinião, Thairiny Cristiane Ribeiro, 17, compartilhou com o país um drama da cidade onde mora, Limeira, no interior paulista, cuja principal atividade econômica, também afeta o meio ambiente e a saúde da população. Leia aqui o texto da aluna.

A Olimpíada, que também contemplou os gêneros poema, crônica e memória literária, tem como proposta melhorar o ensino de leitura e escrita nas escolas públicas brasileiras. Neste ano, 239.435 professores de mais de 60 mil escolas se inscreveram no programa, que chegou a 5.844 cidades, o que corresponde a 99% dos municípios do país.

"Pesquisas comprovam que o Brasil é muito ruim em leitura e interpretação", conta Isabel Santana, da Fundação Itaú Social, que organiza o programa junto ao MEC (Ministério da Educação). "Depois de muito testar, concluímos que mobilizar professores, alunos e comunidade em uma grande gincana liga à escrita ajudaria a reverter esse quadro".

 
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