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23/05/2011 - 16h45

'Eu era ingênua, meu marido era mulherengo', lembra Palmirinha

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ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO

Carlos Cecconello/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 10-05-2011, 11h00: A cozinheira e autora de livros de receitas, Palmirinha, que recentemente lançou a sua auto biografia. (Foto: Carlos Cecconello/Folhapress,FOLHATEEN) *** EXCLUSIVO FOLHA***

"(...) Comecei a estudar depois que me casei. Queria ter terminado pelo menos o primário, mas o meu marido achava que eu ia atrás de homem, então tive que parar"
PALMIRINHA, 79 ANOS,
EX-APRESENTADORA DE TV

*

Na época, a moça não podia ser magra. Tinha que ser gordinha, com as perninhas bem rolicinhas! Eu era tudo isso, bem cheinha. Os rapazes me procuravam muito.

Conheci meu marido com quase 18 anos. Era virgem e casei rapidinho. Ele gostava muito de mim, e eu simpatizava, mas não era aquele amor. Tive mais momentos tristes do que bons com ele.

O Mário era muito mulherengo, trazia mulher para dentro de casa. Eu era ingênua. Minhas vizinhas diziam: "Você tem que se impor, Palmira!", mas tinha medo de fazer baixaria...

Ousado era mulher de calça comprida. Eu usava, mas me criticavam. A moça também ficava falada por usar decote e namorar demais.

Tinha paixão pelo Oswaldo, meu primeiro namorado, que conheci antes do Mário, em Bauru [interior de SP].

Era para termos sido noivos! Ele ia pedir minha mão num sábado. Eu tinha feito roupa nova e tudo.

A moda daquele tempo eram saias bem franzidas, com um saiote que deixava a cintura fininha. A blusa era tipo cigana, aparecendo um pouquinho do busto.

O Oswaldo disse que passaria alguns dias em São Paulo e pediu para eu não passear na rua. Mas uma amiga, a Terezinha, mandou eu deixar de ser boba. Insistiu tanto que botei a roupa nova e saí com ela.

Arquivo Pessoal
Casamento Palmirinha Onofre
Palmirinha, aos 19 anos, no casamento com o "mulherengo" Mário Onofre

Quando cheguei [ao bar de bilhar], ele estava na porta. Me viu, levantou e sumiu para sempre. Esse tipo de teste era muito comum.

A relação com a minha mãe não foi muito boa. Com o fora que o Oswaldo me deu, foram dois momentos horríveis da juventude. As agressões dela comigo... Não gosto nem de falar disso.

Ela tinha ciúmes de mim com meu pai. Fisicamente, éramos bem parecidas. Meu pai me chamava de "polaquinha", porque eu era muito clara, com umas bochechas bem vermelhas. Minha mãe tinha raiva por eu ser um pouquinho maior do que as meninas da minha idade.

Com quase sete anos, fui morar com essa francesa que me criou [até os 13 anos]. Ela que me ensinou a atender telefone, a andar de bonde em São Paulo. Eu era muito independente na época.

Estudei dois anos e meio. Não gostava muito de escola, aprendi muito sozinha.

Comecei a estudar depois que me casei. Queria ter terminado pelo menos o primário, mas o meu marido achava que eu ia atrás de homem, então tive que parar.

Sempre gostei de cozinhar, de fazer muito pão, massa, torta. Nunca errei uma receita.

Nunca tive sonho pra nada. Eu queria é trabalhar para me manter.

Meu primeiro trabalho foi aos 14 anos, numa loja em Bauru. Depois, fui ser tecelã na indústria. Ganhava mais do que todas as meninas, pois fazia muita hora extra. Bancava minha mãe e dois irmãos menores.

Já trabalhei em fábrica, limpeza, engraxei sapato, lavei carro. Tudo o que aparecia eu fazia, para dar uma vida melhor às minhas filhas.

Leticia Moreira/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 28-09-2010, 15h00: Reproducao de um antigo retrato da culinarista e ex-apresentadora de TV Palmirinha Onofre, em sua casa na Vila Madalena. (Foto: Leticia Moreira/Folhapress, ILUSTRADA) ***EXCLUSIVO FOLHA DE S.PAULO***
Mais carne do que osso, Palmirinha era sensação entre os rapazes quando adolescente
 
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