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Crítica Drama
'Sejam Muito Bem-Vindos' se mostra simplório e esquecível
SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHAEm certo momento do filme "Sejam Muito Bem-Vindos", Taillandier diz para a adolescente que o acompanha: "Um quadro não precisa ser bonito, precisa apenas ser justo".
A frase resume a busca desses dois personagens, captados ora com interesse, ora com displicência. Não querem uma vida tediosa como a dele, nem sofrida como a dela. Querem uma vida justa.
Taillandier é um pintor de sucesso, casado, com filhos e netos lindos e nenhum problema no bolso. Um dia, sabe-se lá por que, percebe que sua vida não faz sentido e sai de casa, sem rumo definido. Pensa em se matar, mas não consegue. Está amarrado. Não consegue fazer nada.
Enquanto dirige pela chuva noturna, tem o carro invadido por Marylou, uma adolescente que acaba de ser expulsa de casa por sua mãe e pelo padrasto violento.
Os dois inicialmente se repelem. Depois, obviamente, desenvolvem uma relação de pai e filha que pode dar alento a suas vidas.
Jean Becker, o diretor, é mais uma prova de que talento não é hereditário. Filho do grande cineasta francês Jacques Becker ("Os Amantes de Montparnasse"), consegue realizar, no máximo, filmes simplórios e esquecíveis como "Sejam Muito Bem-Vindos".
Seus personagens são rasos, não têm vida além das habituais fórmulas fáceis do artista de mal com o mundo e da adolescente rebelde. Faltou maior densidade dramática para que o filme também conseguisse ser justo.