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Crítica - Concerto

Violonista Zanon delineia frases brilhantemente em 'Aranjuez'

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Para interpretar o "Concerto de Aranjuez", de Joaquín Rodrigo (1901-1999), junto à Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de SP) dirigida por Marcelo Lehninger na Sala São Paulo, Fábio Zanon usou um instrumento especial: um violão construído pelo alemão Hermann Hauser em 1952.

O instrumento --da coleção do eminente luthier (construtor de instrumentos artesanais) carioca Sérgio Abreu-- pertence a uma safra que se destaca na história do violão moderno.

Sua sonoridade doce, contornada por um brilho suave --ideal para destacar vozes independentes, e com uma passagem gradual de timbre entre as cordas graves e agudas-- surgiu por inteiro no bis, a "Dança Espanhola nº 5", do espanhol Enrique Granados (1867-1916).

Zanon --que acaba de assumir a direção artístico-pedagógica do Festival de Campos do Jordão-- esteve atento aos ritmos típicos espanhóis, tirou graves de rara beleza e delineou brilhantemente as frases (uma de suas características marcantes).

Tosses incessantes na plateia durante o famoso "Adagio" geraram um pouco de desconcentração, ainda mais porque a performance estava sendo gravada anteontem. E, apesar do volume aquém do ideal, havia qualidade no som amplificado do violão.

Marcelo Lehninger conduziu a Osesp com leveza, ressaltando o caráter distante e aristocrático da Espanha de Rodrigo. Aos 33 anos, o regente carioca é titular da Sinfônica New West, em Los Angeles, além de regente-assistente da mítica Sinfônica de Boston.

Poderia haver uma gradação mais arrojada na direção dos pontos culminantes do concerto, mas Lehninger mostrou técnica apurada e rigor com a dinâmica interna das frases, sobretudo na "Sinfonia nº 2" de Ralph Vaughan Williams (1872-1958).

A exemplo do "Aranjuez", a "Sinfonia" foca variadas combinações sonoras. No segundo movimento, os acordes na harpa e o solo de corne inglês pareciam agora evocar o "Adagio" de Joaquín Rodrigo, que só seria escrito muitos anos depois.

Resta falar da abertura, a música mais antiga do programa, porém, paradoxalmente, a mais contemporânea: "Três Prelúdios" do francês Debussy (1862-1918), originais para piano, orquestrados por Colin Matthews. Até a Espanha --em sua essência sem tempo-- está lá.


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