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Crítica - Drama
Trama cheia de reviravoltas é o charme de 'Covil da Beleza'
MARCIO AQUILES DE SÃO PAULOCom a trama girando em torno de obsessões mundanas, o espetáculo "Covil da Beleza" coloca em cena jovens bonitos em busca de poder, sexo e dinheiro --ou apenas uns quilinhos a menos.
Os sete personagens têm trajetórias inter-relacionadas: são casais, amantes, colegas e/ou adversários, todos empenhados em atingir suas metas individuais sórdidas.
O palco minimalista, em negro, com poucos adereços e luzes, permite a criação de espaços cênicos distintos. Embora os atores ocupem simultaneamente o tablado, não contracenam entre si o tempo todo --boa metáfora para sua condição egoísta.
O texto de Eduardo Ruiz desenvolve um arco dramático cheio de reviravoltas. Essas mudanças de rumo na história são o maior atrativo, uma vez que o enredo é recheado de lugares-comuns.
Talvez refletindo estes clichês, na tentativa de representar a superficialidade juvenil de seus papéis, os atores exagerem um pouco na medida, com risadas e gritinhos excessivos.
Apesar do empenho do elenco e da boa condução imposta pela diretora Lavínia Pannunzio, por vezes a atmosfera de afetação da ficção contamina os atores, que dão impulso exacerbado às suas ações físicas.
Em direção contrária vai o figurino de David Diniz, que opta pela moderação. Ao utilizar roupas comuns, em vez de vestuário confeccionado para a peça, adequa-se à proposta de uma encenação naturalista, voltada aos conflitos entre os personagens.
A trilha sonora simula um ambiente refinado, mas o recurso de colocar a música eletrônica de fundo prejudica algumas cenas; em vez de ampliar o clima festivo que a montagem sugere, banaliza o drama vivido por eles.
O andamento da peça é veloz, com alternância de situações que culminam em um final de impacto, súbito, sem maiores explicações.
A interrupção da narrativa é feita de modo inteligente: mesmo sem expor o destino dos jovens, deixa claro quais seriam os desdobramentos.