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Serial killer é visto como resultado da era do espetáculo

Para narrar trama baseada em caso real, 'Zucco' usa músicas do The Doors e linguagem de cinema ao vivo

Espetáculo é inspirado na história de italiano que matou dezenas, a começar pelos seus pais, nos anos 1980

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O veneziano Roberto Succo foi uma figura famosa na Europa dos anos 1980. Seu grande feito foi assassinar a mãe e o pai em 1981, fugir da prisão psiquiátrica em que foi detido, estuprar e matar dezenas de pessoas na Europa, até se suicidar, em 1988.

Bernard-Marie Koltès (1948-1989), um dos maiores dramaturgos franceses do século passado, ficou admirado com a performance heroica do serial killer. Inspirado em sua história, escreveu "Roberto Zucco" em 1988, obra narrativa que não abre mão de lirismo.

A peça estreou na semana passada sob direção de José Fernando Azevedo, como "Zucco". Marca a formação da Ordinária Companhia, com artistas oriundos da Escola de Arte Dramática da USP.

O encenador busca aproximar o texto do público. Para tanto, transforma o espetáculo numa espécie de musical, com músicas do The Doors, cantadas ao vivo.

Também evidencia a era da sociedade do espetáculo que fez de Succo uma celebridade mundial. Transforma o fenômeno em linguagem cênica, através de experimentações de cinema ao vivo. Uma das cenas, em que o serial killer mata uma criança no parque, torna-se um programa de TV sensacionalista.

Segundo Azevedo, Succo aponta a fragilidade do mundo atual. É a personificação do fracasso do indivíduo. "O gesto de Zucco é portador de alguma coisa. Ele é o cara que não se tornou filho, jovem ou aluno ideal. Isso evidencia que a vida social e a ordem familiar não deram certo", afirma.

Para o encenador, a trajetória do protagonista dissimula o funcionamento da sociedade. "Ele é um assassino visto como exceção, quando, na verdade, sua conduta evidencia uma espécie de regra como forma de sociabilidade."


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