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Crítica - Documentário

É Tudo Verdade traz forte obra não ficcional de mestre japonês

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

A história de amor entre o cinéfilo brasileiro e o cineasta japonês Shohei Imamura (1926-2006) é antiga.

Seus filmes começaram a ser exibidos aqui nos anos 1960, atraindo admiradores como o diretor Carlos Reichenbach e o crítico Jairo Ferreira aos cinemas da Liberdade.

Em 1997, a Mostra de São Paulo dedicou uma retrospectiva ao cineasta da chamada nouvelle vague japonesa. Faltava preencher a lacuna da pouco conhecida, mas fortíssima, obra não ficcional de Imamura. Não falta mais.

O 19º Festival É Tudo Verdade exibe em abril seis documentários do mestre japonês.

Sua produção documental tem um tema central: os japoneses que decidiram desaparecer, recusando-se a integrar a sociedade de consumo que surgia no pós-guerra.

Primeiro veio "A Man Vanishes" (1967), o mais conhecido deles, em que Imamura investiga o desaparecimento de um vendedor.

Depois vieram documentários feitos para a TV japonesa. Quatro deles formam uma tetralogia informal sobre a herança maldita das guerras japonesas.

Em "In Search of the Unreturned Soldiers in Malaysia" e "In Search of Unreturned Soldiers in Thailand", de 1971, o diretor vai atrás de quem combateu nesses países e decidiu não voltar.

No primeiro, encontra A-Kim, convertido ao islamismo. No segundo, tromba com três personagens: Fujita, espião que queimou chineses vivos e venera o imperador, o lacônico Nakayama e o niilista Toshida, com quem mantém uma longa conversa.

Em "The Brute Returns to Homeland" (1973), Imamura leva o desajustado Fujita de volta ao Japão depois de 33 anos. E "Karayuki-san, les Dames qui Vont au Loin" (1975) perfila uma senhora mandada à Malásia para servir de prostituta aos soldados japoneses e que decidiu ficar.

"Les Pirates de Bubuan" (1972) é o único que foge ao tema dos "desaparecimentos". Nele, Imamura viaja às Filipinas e descobre que comunidades pobres estão sob controle de piratas armados.

A obra documental de Imamura não deve nada à ficcional em impacto e personalidade. Em outras palavras: sua retrospectiva é um programa inescapável.


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