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Crítica - Artes visuais

Tino Sehgal surpreende com recursos simples

Na mostra do artista inglês na Pinacoteca, obra mais radical são casais se beijando, replicando pinturas famosas

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

Quem tiver sorte será surpreendido logo na entrada da Pinacoteca por uma recepção inusual: irá ouvir de um dos seguranças uma manchete de jornal seguida por "isso é novo, Tino Sehgal, 2003".

Depois de entrar, poderá se deparar com outras três "situações construídas", que é como o artista inglês radicado em Berlim denomina essas ações.

A surpresa e o inusitado são elementos essenciais na obra de Sehgal. Na Pinacoteca, as outras três ações acontecem no segundo piso, onde está disposto o acervo moderno da instituição, o que faz o contraste ainda mais forte.

A obra mais radical é "O Beijo", na qual casais ficam se beijando, replicando cenas de pinturas famosas. O estranhamento dos visitantes torna-se parte da ação.

Alguns simplesmente ignoram o que acontece, enquanto outros passam um bom tempo observando. É nesse limiar que a obra de Sehgal ganha maior significado, colocando em questão o comportamento do observador, ao mesmo tempo que repensa o contexto onde a situação é construída.

É nessa simplicidade que se localiza o encantamento da obra do artista. Em meio à espetacularização de algumas exposições ou obras, o retorno ao corpo enquanto suporte básico para produção artística revela-se uma estratégia ainda possível.

Não é à toa que Sehgal vem ganhando tanto destaque nos últimos anos, o que chegou ao apogeu com a conquista do Leão de Ouro, o grande prêmio da Bienal de Veneza, no ano passado.

Ele acaba representado uma reação ao exagero que parece dominar o sistema da arte contemporânea, onde o efeito e as ideias cheias de truque se tornaram padrão de qualidade.


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