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Crítica - Documentário

Em tom poético, longa apresenta a vida e a carreira do cantor Ney Matogrosso

RONALDO EVANGELISTA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A primeira vez que Ney Matogrosso, 72, subiu a um palco para cantar, um cara na plateia o chamou de veado.

Na mesma hora, o cantor mandou a banda parar, foi à beira do palco e, olhando no olho do autor do comentário, desafiou-o: "Repete o que disse se você for homem". O cara ficou calado.

Mais do que uma história sobre a firmeza de Ney em sua própria sexualidade, é uma ilustração de sua clareza e sua intensidade artística. Exemplos dessa personalidade magnética são a composição do documentário "Olho Nu", sobre a vida e os 41 anos de carreira do cantor.

Elogiado no circuito de festivais (há pouco ganhou eleição de júri popular no festival de documentários musicais In-Edit), o longa dirigido por Joel Pizzini estreia hoje nos cinemas.

De tom poético, o filme apresenta Ney entre artista e ser humano. Cruzando material de arquivo pessoal do cantor com captações recentes, em uma colagem de imagens de camarins, palcos, na rua, na mata, em casa, vemos e ouvimos a vida de Ney.

Os assuntos surgem e se desenvolvem mais como conversa do que entrevista, a narrativa fluindo com cronologia deliberadamente embaralhada, ainda que clara.

Os depoimentos, a maioria em off, são quase que somente do próprio Ney. Se o ponto de vista é parcial, não é necessariamente defeito. No caso, disposição e intimidade.

A câmera está sempre seguindo Ney, observando, ouvindo, nunca o invadindo mas nunca o abandonando, esteja ele completamente nu ou completamente montado.

Como se a câmera fosse nossa visão da plateia e Ney soubesse disso, olhando diretamente para a lente. A libido é sua arma e nós somos seus cúmplices.


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