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Análise retrospectiva

Louis Malle encarava polêmicas com delicadeza

Diretor de "Adeus, Meninos" e "O Sopro no Coração" ganha mostra com 21 filmes no Cinusp e no CCBB

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

Homenageado com uma retrospectiva em São Paulo, Louis Malle (1932-1995) foi um personagem solitário no cenário do cinema francês.

Com uma carreira que se inicia nos anos 1950 em meio à explosão da nouvelle vague, o cineasta sempre flanou à margem do movimento.

Por um lado, não foi associado ao academicismo dos diretores atacados por François Truffaut no artigo "Uma Certa Tendência do Cinema Francês", de 1954, marco conceitual da nouvelle vague.

E os primeiros filmes de ficção de Malle -"Ascensor para o Cadafalso" (1957) e "Os Amantes" (1958)- têm uma liberdade narrativa e estética que antecipava características do movimento, como a filmagem nas ruas, com luz natural e pessoas reais.

Por outro lado, Malle nunca circulou pela revista "Cahiers du Cinéma" (em que se consolidou a turma de Truffaut, Jean-Luc Godard, Claude Chabrol, Eric Rohmer e outros) e, sobretudo, nunca foi completamente reconhecido como autor de cinema, com marcas de estilo reconhecíveis.

Essa solidão -ou o fato de não ser filiado a nenhum grupo- lhe deu a independência necessária para construir uma das carreiras mais sólidas e versáteis do cinema francês, com muitos pontos altos e pouquíssimos baixos -como atestam os 21 filmes que serão exibidos no Cinusp e no Centro Cultural Banco do Brasil.

Malle fez ficção e documentário ("O Mundo do Silêncio", de 1956, sua estreia como diretor, ao lado do oceanógrafo Jacques Cousteau).

Cinema experimental ("Meu Jantar com André", 1981) e comercial ("Perdas e Danos", 1992). Conjugou sucesso de crítica e público nos Estados Unidos ("Atlantic
City", 1980) e na França ("Adeus, Meninos", 1987).

A marca mais constante de sua carreira não foi de estilo, mas de estratégia: Malle encarava temas polêmicos com delicadeza e sem sensacionalismo -acumulando uma série de sucessos de escândalo.

Entre os temas estão suicídio ("Trinta Anos Esta Noite", 1963), incesto ("O Sopro no Coração", 1971), colaboracionismo ("Lacombe Lucien", 1974) e pedofilia ("Pretty Baby", feito nos EUA em 1978 com Brooke Shields no papel de uma menina prostituída).

Em todos esses filmes, fica clara uma virtude essencial de Malle: a direção de atores.
Ele achava que seu papel era deixar as estrelas brilharem, em vez de chamar demasiada atenção para seu trabalho.

Se foi solitário como cineasta, Malle jamais esteve mal acompanhado na vida. Ele foi casado com Candice Bergen e teve romances com Brigitte Bardot e Susan Sarandon.

O CINEMA DE LOUIS MALLE: VERSÁTIL E POLÊMICO
QUANDO até 25/11
ONDE Cinusp (r. do Anfiteatro, 181, tel. 3091-3540) e CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651)
QUANTO até R$ 4
CLASSIFICAÇÃO variada


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