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Osesp toca sinfonia 'Ameríndia', de Villa-Lobos
Escrita para os 400 anos de SP, obra intercala momentos de reflexão, pompa e até humor
Enquanto se prepara para a abertura oficial de sua temporada, no final do mês, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de SP) toca Villa-Lobos nesta noite.
Cobrando R$ 15 a entrada, a orquestra mostra o repertório que está gravando: a "Sinfonia nº 10" do maior compositor brasileiro de todos os tempos, também conhecida como "Ameríndia", e escrita para o quarto centenário da cidade de São Paulo (1954).
A regência é do maestro Isaac Karabtchevsky, que está à frente do ambicioso projeto de registro integral das sinfonias de Villa-Lobos pela Osesp, para o selo Naxos, e que dirigiu a obra ano passado, na Sala São Paulo.
Com texto do compositor, a partir do poema "Beata
Vergine", de José de Anchieta, a obra tem participação do Coro da Osesp e dos solistas Leonardo Neiva (barítono), Saulo Javan (baixo) e Marcos Paulo (tenor), e se assemelha antes a um oratório do que a uma sinfonia.
"No conjunto das 11 sinfonias de Villa-Lobos, a décima se distingue por ser a única na qual o compositor utiliza coro e solistas, cantando em português, tupi-guarani ou em latim", explica Karabtchevsky.
"A sinfonia recebe um tratamento pomposo intercalado por momentos de reflexão e até de humor", diz o regente. "Como aquele texto em tupi que fala dos 'macacos de boca preta' -uma metáfora do ser humano. Os macacos pretendem construir uma casa, e adiam-na até perderem de vista o projeto original."
ATMOSFERA SINGULAR
Para Karabtchevsky, "Villa-Lobos soube captar essa atmosfera singular dos textos, que constituem a vertente cultural do colonizador, e transformá-los numa obra que, apesar de extrapolar os limites da forma de sonata, constitui um verdadeiro desafio para os intérpretes".
Antes da abertura oficial da temporada, no dia 28, a Osesp realiza ainda outro concerto a preços populares.
Com regência de Celso Antunes, e tendo Cláudio Cruz (violino) como solista, a orquestra faz, no dia 23, um programa inteiramente dedicado a Almeida Prado (1943-2010), incluindo a "Sinfonia dos Orixás", a "Fantasia Para Violino e Orquestra" e a suíte dos "Études sur Paris".