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Empresas levam tecnologia a pequeno consultório médico

Serviços facilitam digitalização de dados e monitoramento de pacientes

REINALDO CHAVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Garranchos em receitas, prontuários escritos à mão e a necessidade de ir ao médico para mostrar resultados de exames simples. Empresas estão trabalhando para que isso acabe no Brasil, ao menos em pequenas clínicas e consultórios.

É o caso da iClinic, empresa com cinco funcionários criada em Ribeirão Preto (interior de São Paulo) por estudantes de informática biomédica da Universidade de São Paulo.

Eles desenvolveram um software que permite que médicos controlem agendamento de consultas, registros de prontuário e prescrições de remédios dos pacientes pela internet.

Felipe Lourenço, 25, um dos sócios-fundadores do iClinic, conta que percebeu a oportunidade quando fazia estágio no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto --a quantidade de estabelecimentos de saúde que ainda controlam os dados de seus pacientes no papel chamou a atenção dele.

Sua empresa, então, criou um sistema para que pequenas e médias clínicas digitalizem os dados dos clientes. A ferramenta custa R$ 79,90 por ponto de acesso. Neste ano, a companhia foi selecionada para participar da aceleradora de negócios holandesa Rockstart. A participação inclui um investimento de 60 mil euros (R$ 158 mil) e apoio de mentores. Há planos de internacionalizar o negócio.

MENOS GARRANCHOS

Outra oportunidade para as start-ups é oferecer serviços que ajudem a minimizar falhas nos processos de saúde. A prescrição de remédios, muitas vezes feita com letras ilegíveis, é foco de ação para empresas como a Sollis.

A companhia, que é incubada pelo Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), criou o programa Euprescrevo, para digitalizar receitas médicas e automatizar controles de farmácias e planos de saúde.

Pai e filho, Carlos Eli Ribeiro, 54, e Caio Ribeiro, 27, criaram a ferramenta gratuitamente, ou seja, qualquer médico pode se cadastrar pela web e usá-la. "O profissional digita a receita no computador ou no smartphone, imprime, assina e entrega ao paciente. O programa administra automaticamente os medicamentos controlados e faz um banco de dados daquele cliente", afirma Carlos.

O negócio obtém faturamento por meio de um serviço oferecido às farmácias que dispensa o paciente de levar a prescrição em papel para comprar o remédio apontado na prescrição médica.

É preciso fornecer apenas o número do Cartão Nacional de Saúde ou do plano de saúde e o farmacêutico acessa automaticamente a prescrição pelo computador.

"O controle de vendas de remédios psicotrópicos e antibióticos [que precisa ser fiscalizado] fica automatizado. Isso reduz o custo operacional e libera o farmacêutico para a atenção ao paciente", afirma o empresário.

Já o clínico-geral Luiz Tizatto, 30, aposta em algo mais drástico do que digitalizar dados. A empresa dele, chamada Unit Care Saúde, desenvolveu um sistema que monitora, a distância, sinais como pressão arterial, nível de glicemia e batimentos cardíacos de pacientes que têm doenças crônicas como diabetes e hipertensão e podem fazer o tratamento em casa.

Com isso, eles não precisam fazer exames constantes. O usuário coloca os aparelhos no corpo em uma hora indicada e recebe os resultados em um tablet.

Uma central de monitoramento também acompanha os dados, para acionar médicos e ambulâncias em casos de emergência.

O custo varia de R$ 300 a R$ 500 mensais e a companhia tem 140 pacientes monitorados, com um faturamento de R$ 3,5 milhões no ano passado, vindo também de consultorias e serviços de tecnologia.

O diretor da APM (Associação Paulista de Medicina), José Luis Bonamigo, considera que a incorporação da tecnologia na saúde é irreversível, mas aponta perigos.

"Existem os ônus da possível quebra de privacidade e das informações em excesso. Ou, pior, de dados errados ou desatualizados."

Para Bonamigo, essa foi uma das razões de os serviços para marcar consultas pela web não terem se popularizado no país.

"Existiam muito sites que não checavam as informações que divulgavam. Isso causou receio na classe médica e nos pacientes", diz.


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