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Investimento de 'anjo' exige mais do que dinheiro

Fazer aporte em empresa iniciante também envolve ajuda com contatos

MARCEL GUGONI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O investimento-anjo, aquele feito por pessoas físicas em empresas iniciantes, atrai executivos interessados em fazer apostas financeiras mais arriscadas dos que as da Bolsa de Valores, mas com retornos maiores se o negócio der certo. Mas essa atividade vai além do dinheiro.

A associação Anjos do Brasil, que reúne pessoas que fazem aportes nessas companhias, estima que existam 6.300 anjos no Brasil. A expectativa é que esse número cresça 20% neste ano.

É preciso ter em mente que esse tipo de investimento é diferente de aplicações como a renda fixa ou a Bolsa, porque não é só o dinheiro que conta.

"O papel do anjo é mais apoiar a empresa a partir da sua própria experiência profissional", diz Cássio Spina, presidente da associação. Hoje, esses investidores brasileiros dedicam, em média, 25% do seu tempo à atividade.

Ele diz que esse tipo de aporte "não deve ser algo para ganhar dinheiro". A satisfação estaria em ajudar a criar novos negócios, fazer contatos e abrir as portas.

O montante inicial para uma empresa nascente pode variar entre R$ 100 mil e R$ 300 mil. A fatia do investidor na companhia acaba sendo minoritária, de 20% a 30% de participação.

Para quem faz o aporte, o importante é que o recurso não tenha destinação de curto prazo. O risco de a empreitada dar errado é grande.

E, em uma empresa iniciante, nem sempre o prejuízo é sinônimo de que os negócios estão indo mal --como é preciso crescer rápido, a preocupação com o lucro fica em segundo plano.

Uma das métricas usadas para avaliar se a companhia está crescendo é a relação de quanto um cliente gera de receita para a empresa diante de quanto custou para conquistá-lo.

Isso serve para verificar se o resultado gerado é maior do que o dinheiro investido, ou seja, se o negócio tem futuro.

ONDE INVESTIR

A primeira orientação é saber escolher um negócio. Para os especialistas, o Brasil tem potencial de crescimento porque há mercados abertos para negócios inovadores. Entre as áreas atraentes aparecem tecnologia da informação, aplicativos móveis, saúde e e-commerce.

Associações como Anjos do Brasil Endeavor e Gávea Anjos promovem encontros para que empreendedores mostrem aos investidores suas ideias.

O investidor Sylvio Mode, 47, que se tornou anjo após uma carreira em empresas de tecnologia, diz que o mais indicado é buscar setores em que já se tenha conhecimento. "Isso permite avaliar o risco e o potencial daquele negócio e contribuir de forma mais efetiva para o sucesso da empresa, com conselhos ou contatos."

O BÁSICO

Mode diz que o anjo tem três perguntas básicas para avaliar qualquer negócio. A primeira é: qual problema o novo negócio busca resolver? Em seguida, o que faria os clientes trocarem os atuais serviços e produtos por causa da novidade. Só então deve-se perguntar como ganhar dinheiro com a empresa.

"Vale analisar a equipe que oferece o projeto, porque ela tem de estar preparada para isso, ter experiência no mercado em que quer atuar."

Também é preciso buscar assessoria jurídica antes de fechar o contrato.

"Uma cláusula bastante usada é a possibilidade de o investidor vender toda a participação ao empreendedor por R$ 1. Com isso, perde-se o capital, mas o anjo não fica preso ao negócio se ele der errado", diz Spina.

Isso pode evitar a cobrança de passivos trabalhistas, como salários de funcionários e outras dívidas, que afetam o patrimônio do anjo.

"O investidor precisa ter cuidado com relação à sua pessoa física", diz Marcelo Nakagawa, do Centro de Empreendedorismo do instituto de ensino Insper.

"Muitas vezes, seus bens pessoais podem ser bloqueados para honrar dívidas."


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