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Louis Jaques Filion
Ensino para empresários precisa ser mais prático
professor canadense diz que pesquisa de campo e trabalho em grupo são mais estimulantes
O professor da escola de negócios HEC do Canadá Louis Jaques Filion recebeu prêmio de contribuição de vida do conselho de empreendedorismo de seu país. Ele vem ao Brasil para palestras desde os anos 1980 e diz ter boa noção de como funcionam os negócios aqui. Na última semana, voltou para formular material didático para consultores do Sebrae.
Folha - Os brasileiros estão mais bem preparados para tocar seus negócios hoje?
Louis Jacques Filion - Noto que o Brasil é parte de um movimento mundial de fortalecimento do empreendedorismo. Percebo uma tendência, entre os brasileiros, de achar que o ambiente para negócios aqui é ruim e por isso as pequenas empresas daqui ficam para trás etc. Mas eu diria que o país é daqueles onde houve mais progresso.
A adesão de brasileiros ao empreendedorismo não pode ser uma resposta a uma moda, de forma até excessiva?
O mundo está mudando rapidamente. A geração mais nova quer comunicação imediata e os processos de aprendizagem estão se tornando mais curtos. As grandes corporações não acompanham a demanda por novidades a essa velocidade. E é por isso que, a cada ano, um ponto percentual a mais do PIB dos países ricos é produzido por pequenos negócios. Hoje, a rotatividade das empresas no Fortune 500 é maior do que nunca. Sua pergunta reflete um senso comum, mas penso o exato oposto.
O senhor acha que empreendedores brasileiros estão prontos para lançar uma nova tecnologia, por exemplo?
Vejo que os brasileiros consomem muita tecnologia, lido com engenheiros daqui e eles são muito bons. Acho que há um potencial enorme para lançar tecnologias interessantes. Há bastante pesquisa e os professores são bons. Ou seja, há um elo que está faltando. Não sei qual. Espero que isso mude na próxima década.
Quais são suas críticas ao aprendizado de empreendedorismo no país?
O material não é suficientemente atraente. Acho que ele é muito acadêmico e pouco prático. Ele precisa ser melhorado.
Como é o material didático na escola na qual você dá aula?
Na verdade, envolve poucas aulas. Os alunos vão a campo, criam clubes. É muito mais ativo e estimulante. Deve haver um lugar onde professores se juntam para inovar nos cursos deles. Eu soube que a [ONG] Endeavor vai fazer algo assim. (FELIPE GUTIERREZ)
