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Carreiras e Empregos

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Feliz ano velho

Aumento real médio, descontando a inflação em 2013 foi de 3,83% em São Paulo, segundo o Datafolha; maiores reajustes foram para os cargos de base nas empresas

FELIPE GUTIERREZ DE SÃO PAULO

O ganho real dos trabalhadores da Grande São Paulo foi maior em 2013 do que no ano anterior, aponta uma pesquisa do Datafolha.

Dados do Bolsa de Salários, que são colhidos todos os meses entre 130 empresas, apontam que o aumento salarial médio foi de 7,71%.

O índice IPC-Fipe, que é medido na cidade de São Paulo, fechou o ano em 3,88%.

Portanto, o aumento real foi de 3,83%. Essa mesma conta com dados de 2012 resultou em um saldo de 2,29%.

Para Hélio Zylberstajn, professor de economia da Universidade de São Paulo, a maior responsável por esse ganho real é a baixa taxa de desemprego: "O mercado de trabalho está muito apertado e os trabalhadores têm um poder de barganha grande".

As profissões que não exigem nível superior tiveram aumentos maiores do que cargos para os quais é necessário ter cursado faculdade.

A pesquisa aponta que as ocupações de níveis mais baixos, que exigem menos estudo, tiveram aumentos maiores: enquanto as de nível médio tiveram um aumento de 8,21%, as de nível superior subiram 7,26%.

Silvio José Fernandes, coordenador de projetos do Datafolha, aponta uma possível explicação: há um "turn-over" (uma renovação de funcionários) grande entre profissionais de nível técnico, o que dá aos sindicatos força para negociar reajustes.

Os aumentos que o instituto de pesquisa leva em conta são aqueles decorrentes de data base, ou seja, um acordo entre os sindicatos de empregados e os patronais.

Clemente Ganz Lúcio, coordenador do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), levanta algumas hipóteses sobre essas diferenças nos aumentos percentuais. Uma delas é que os salários pagos para profissionais que estudaram mais são mais altos e, por isso, têm menos espaço para crescer.

Os especialistas em mercado de trabalho dizem que há uma tendência que tem crescido em negociações coletivas: dar aumentos escalonados. Por exemplo, quem ganha até R$ 5.000 tem um aumento de 8%; acima disso, as porcentagens vão diminuindo. Isso explica, em parte, as diferenças entre aumentos que os funcionários da produção tiveram e os dos diretores e gerentes, por exemplo: 8,18% para os trabalhadores da "base" versus 6,83% para o "topo".

Esse fenômeno já havia acontecido no ano anterior.

Apesar de conceder aumentos proporcionalmente maiores, as empresas não têm políticas de RH específicas para essas categorias de trabalhadores, diz a doutoranda em economia da USP Angela Lucas, que estuda mercado de trabalho.

Os tomadores de decisões nas empresas consideram que a mão de obra da "base" é mais substituível e, portanto, não vale a pena ter política de retenção (plano de carreira, por exemplo) para esse segmento de trabalhadores, explica a pesquisadora.

Lúcio também levanta a possibilidade de a remuneração de quem cursou faculdade tenha mais itens variáveis, como bônus, que não são computados como salários.

Zylberstajn prefere não arriscar uma previsão. "No manual de economia do trabalho, com um PIB fraco como o que tivemos, deveria ter havido um crescimento da taxa de desemprego. Mas isso não aconteceu e não quero fazer previsões."

Já Lucas considera que a médio prazo há uma tendência de mecanização de alguns postos, como frentista e cobrador.


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