Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
O samurai e o executivo
Instituto cobra R$ 180 por curso de lutas com espadas que promete preparar profissionais para batalhas corporativas
Especialista na cultura samurai, Jorge Kishikawa, 50, fundador do Instituto Niten, transformou seus conhecimentos sobre filosofia e técnicas de combate do Japão feudal em um negócio.
Embora não divulgue o faturamento, o Insituto Niten, fundado por ele, oferece um método de treinamento para executivos, o Kir Empresarial, a partir de R$ 180 por pessoa.
O curso inclui prática, com introdução ao kenjutsu (combate com objetos de bambu, em que há de fato confronto), reprodução de movimentos com espadas de aço e ensinamentos teóricos.
"Por que não colocar a espada no mundo empresarial?", questiona Kishikawa, idealizador do método. "O aluno assimila a espada como uma bússola para tomar decisões. Ele acorda com uma disposição diferente e elabora a estratégia para o dia que vai enfrentar."
Ao menos 70 empresas fizeram o treinamento desde 2001, entre farmacêuticas, montadoras de automóveis e companhias aéreas.
Eduardo Martins, 38, diretor de recursos humanos da Philips no Brasil, contratou o Kir Empresarial para 40 funcionários da empresa no ano passado, como forma de preparar a equipe para captar clientes em uma feira de eletrodomésticos.
A ideia era melhorar o desempenho dos profissionais durante o evento e fazer com que eles se preparassem para superar a concorrência.
"A filosofia samurai encara a vida como uma oportunidade única. Estar 100% presente no momento é o que faz a diferença. No mundo empresarial, todo dia você está em disputa, concorrendo com outras empresas", diz.
Martins começou a praticar o kenjutsu há dois anos. Ele diz que queria ter mais "autodomínio" e desenvolver a inteligência emocional.
Kishikawa conta que as empresas geralmente procuram o curso para motivar a equipe ou para aprimorar o atendimento aos clientes.
"A cultura japonesa é muito forte na prestação de serviços. Se você for ao Japão, vai se sentir um rei. Aqui no Brasil é praticamente tratado como um mendigo", afirma.
Paulistano e filho de japoneses, o mestre conviveu com descendentes de samurais no Japão. Em 2005, a Câmara de São Paulo instituiu a data do seu aniversário, 24 de abril, como o Dia do Samurai.
O especialista afirma que decidiu criar o curso para executivos porque seus alunos regulares diziam que a prática da luta tinha efeitos positivos na vida profissional.