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Carona maluca

Brasil ganhou 8 aplicativos para motoboys em menos de 1 ano; veja como esse e outros setores lidam com a concorrência

ISABEL KOPSCHITZ FILIPE OLIVEIRA DE SÃO PAULO

Os aplicativos para chamar um motoboy são um exemplo recente do "efeito manada" nos negócios. Em oito meses, surgiram ao menos oito ferramentas para fazer isso, sendo que quatro oferecem os serviços em grandes capitais como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba.

O modelo de negócios é parecido: quase todos cobram em torno de R$ 2 a R$ 3 do motoboy por corrida e mais uma taxa de 8% a 13% de cada empresa que pede o serviço. Quando o usuário é pessoa física, em geral não paga.

"Na internet, é fácil algo entrar na moda e sair, rapidamente. Precisamos inovar sempre, tanto que fazemos umas quatro modificações na plataforma semanalmente", diz o fundador do VaiMoto, Daniel Silva, 33, que afirma ter 3.500 profissionais cadastrados atualmente.

A mesma coisa já aconteceu com os apps de táxi: eles começaram a surgir em 2012 e, em meados de 2013, já havia 38 diferentes, segundo pesquisa de mercado feita por Franco Lazzuri, representante do fundo de investimento americano Techrok.

Essa competição embaralha os planos das empresas. No começo, o modo como elas ganhavam dinheiro era clara: cobrar uma taxa de R$ 2 do taxista.

Em 2012, a 99Taxis parou de cobrar a comissão e a maioria teve de seguir pelo mesmo caminho, reduzindo as margens de lucro.

"É óbvio que eu gostaria de ganhar dinheiro no Brasil como faço nos outros países em que estamos. Os concorrentes não perceberam que existe um volume de 500 mil corridas por dia e que poderiam ganhar muito a partir daí", diz Tallis Gomes, 27, presidente-executivo da Easy Taxi.

Agora, a esperança das empresas é lucrar cobrando uma comissão sobre o uso de ferramentas para que o cliente possa pagar a conta pelo celular ou para que empresas gerenciem os gastos com táxi de seus funcionários.

A corrida existe pela percepção de que, após o boom inicial, esses mercados acabam por se concentrar nas mãos de poucas empresas.

Nesses setores, a principal dificuldade é ter de atender e atrair, ao mesmo tempo, prestadores de serviço e seus clientes: taxistas e passageiros, por exemplo.

Outros exemplos são os aplicativos de delivery de restaurantes, nos quais o movimento de concentração já começou a ser sentido.

COME-COME

Na quinta-feira (26), a empresa alemã Delivery Hero anunciou a compra de 75% da uruguaia PedidosJá. Com isso, assumiu uma base de 12 mil restaurantes em nove países pela América Latina.

A HelloFood também usou essa estratégia. No Brasil há cerca de um ano, ela já comprou três outras companhias por aqui: a divisão de delivery do Peixe Urbano, a Jánamesa e a Megamenu.

Hoje, a empresa conta com cerca de 2.000 restaurantes no Brasil, sendo que metade foi resultado das aquisições, conta Marcelo Ferreira, 27, presidente da empresa. Os outros vieram do trabalho de vendas da companhia.

"Esse é um mercado que tende à consolidação. Não haveria sentido em ter mais de duas ou três empresas, pois para o cliente não seria interessante ter que buscar em várias até encontrar o restaurante que quer."

Sócio-fundador do site Comernaweb, o carioca Marcio Blak, 41, está tentando driblar os revezes do negócio. Há três anos ele tenta ter retorno do investimento de R$ 1 milhão feito à época.

"É um mercado bem mais difícil do que pensei. E vai afunilar. Não descarto a hipótese de ser encampado por outro site", diz.

"Na internet, os mercados dão sinais de desgaste rapidamente. A inovação é fundamental para o surgimento do negócio, mas não garante sua sustentabilidade", afirma Marcelo Boschi, professor da ESPM-Rio.

Mesmo com essas dificuldades, há empreendedores que tentam entrar na manada, mesmo quando ela já está formada. A empresa FindMotoboy, criada em março, é uma das mais jovens do setor de motofrete e tem hoje cerca de 350 clientes.

"Já vi grandes negócios aparecendo e desaparecendo em pouco tempo na web. Minha meta é crescer de forma orgânica", afirma o sócio-fundador Caio Cocozza, 38.


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