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Holanda atrai talentos para as empresas de tecnologia

Adaptação fácil e incentivos do governo fazem start-ups crescerem

FELIPE MAIA ENVIADO ESPECIAL A AMSTERDÃ

Em um prédio de quatro andares no centro de Amsterdã, com vista para um dos icônicos canais da cidade, a língua padrão é o inglês, mas também se ouve português. Cinco brasileiros estão entre os 90 funcionários de 28 nacionalidades da eBuddy, empresa dona de um serviço que integra sistemas de mensagens como MSN e Gtalk.

A disposição para atrair talentos de diferentes partes do mundo, somada a incentivos governamentais, está fazendo com que a capital holandesa se torne um centro importante de start-ups (empresas iniciantes de base tecnológica), rivalizando com centros europeus tradicionais, como Berlim e Londres.

Para convencer pessoas qualificadas a se mudar, as empresas enfatizam a facilidade de adaptação na cidade: 80% da força de trabalho fala inglês e profissionais estrangeiros com conhecimentos considerados estratégicos no país têm até 30% do salário livre de impostos.

Jan-Joost Rueb, presidente-executivo da eBuddy, diz que ter uma equipe internacional ajuda nos negócios. "Nossos funcionários analisam se o serviço está corretamente traduzido para cada cultura", diz.

A empresa usa o próprio banco de dados e redes como o LinkedIn para encontrar profissionais estrangeiros e paga inclusive a passagem de avião para que os candidatos finalistas a uma vaga façam a entrevista pessoalmente.

O designer Gustavo Martins, 32, decidiu deixar Recife há dois anos e se mudar para a Holanda, depois de um convite da eBuddy. "Vim para cá, passei um dia na empresa, almocei com todo mundo e decidi vir", conta.

A segurança e a facilidade de locomoção na cidade pesaram na decisão. "Vou até para o hospital de bicicleta."

VIDA NA LATA

Esse clima atrai também empreendedores de outros países. Os italianos Stefano Cutello e Giuseppe Prioriello fundaram no ano passado em Milão a PastBook, empresa que transforma fotos postadas pelos internautas nas redes sociais em um livro de recordações real. Mas se mudaram para Amsterdã em março, depois de serem escolhidos por uma aceleradora de negócios da cidade.

Com pouco dinheiro, durante cinco meses eles moraram em um container de 20 metros quadrados, que em geral abriga estudantes, pagando € 450 (R$ 1.165) de aluguel. "O lugar era meio bizarro, mas tinha uma conexão de internet ótima, que era o mais importante para a gente", conta Prioriello.

Em setembro, a empresa recebeu investimento de US$ 250 mil (R$ 500 mil).

VIZINHANÇA

Outro fator que ajuda no desenvolvimento dos negócios é a proximidade entre os empreendedores.

Isso acontece inclusive do ponto de vista geográfico, já que, com alugueis mais baixos, a prefeitura incentiva novas empresas a ocuparem escritórios no centro da cidade antes usados por grandes empresas que se mudaram para locais mais afastados, o que faz com que empreendedores frequentem os mesmos bares ou restaurantes.

Também há uma profusão de eventos focados em empreendedorismo, tecnologia e design, como o Appsterdam, que realiza cerca de dois encontros por semana para que pequenos empresários estrangeiros se conheçam e façam novos amigos.

A Layar, que produz o aplicativo de realidade aumentada mais usado para iPhone e para o Android, surgiu em 2009 justamente da união de pessoas que frequentavam um desses eventos: um encontro realizado às segundas à noite em que especialistas discutiam assuntos relacionados à tecnologia móvel.

"Amsterdã tem aspecto de vila e todo mundo na indústria de internet se conhece", conta Quintin Schevernels, presidente da Layar.

Fora do mundo tecnológico, também há iniciativas para incentivar a colaboração entre empresários. No ano passado, quatro jovens fundaram o Krux, local de 1.500 metros quadrados em que profissionais ligados à economia criativa, como moda e design, compartilham conhecimentos e máquinas, pagando € 250 (R$ 648) pelo aluguel de um espaço de 35 metros quadrados. O local foi desenhado para parecer uma rua com pequenos estabelecimentos -hoje, 18 empresas que tem entre um e quatro funcionários ocupam o lugar.

"A ideia é fazer com que pessoas se beneficiem com a troca de conhecimento", diz Dajo Bodisco, um dos idealizadores do projeto, que não tem fins lucrativos.


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