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Universidades laçam estudantes brasileiros para minimizar crise

Instituições estrangeiras aumentam esforços para atrair estudantes de países tidos como novas potências

REINALDO CHAVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Estudantes brasileiros estão cada vez mais na mira de universidades estrangeiras.

O número de alunos brasileiros no exterior deve aumentar 31% neste ano -de 215 mil, em 2011, para 282 mil. Os dados são da Associação Brasileira de Operadoras de Viagens Educacionais e Culturais.

O King's College, de Londres, por exemplo, teve matrículas de 90 estudantes brasileiros em 2012. No passado, teve 77. O valor dos cursos por ano é, em média, 15 mil libras (R$ 50 mil).

Keith Hoggart, vice-reitor da área internacional da instituição, afirma que há um interesse crescente em atrair brasileiros porque o país é considerado uma das "potências do século 21", junto com a Índia, a China e a Rússia. "Criamos um instituto dentro da universidade apenas para estudar o Brasil contemporâneo", acrescenta.

A crise financeira mundial também é um fator apontado para explicar por que escolas de países desenvolvidos estão procurando brasileiros. O número de matrículas de estudantes nativos desses países cai desde 2008.

A presidente do Barnard College, de Nova York, Debora Spar, afirma que "não houve uma diminuição no número de matrículas entre os estudantes internacionais desde a crise financeira".

A instituição, que só aceita mulheres, cobra por ano US$ 41,8 mil (R$ 87 mil) e tem hoje 11 alunas brasileiras. No ano passado eram 5. Para atrair mais estudantes brasileiras, em março de 2013 a escola vai realizar um simpósio internacional em São Paulo sobre as líderes mulheres que estão mudando o país e o mundo nos últimos anos.

MAIS PRESENÇA

Eventos organizados por instituições estrangeiras para atrair alunos brasileiros estão em alta. A feira UK Universities, por exemplo, é feita pelo Consulado Britânico.

Rodrigo Gaspar, gerente de marketing do consulado, conta que, neste ano, estiveram presentes 46 universidades britânicas apresentando seus cursos. No ano passado, foram 25. "Chegamos a receber o pedido de participação de 60 universidades, mas a feira simplesmente não tinha espaço", conta.

O Canadá também organiza, desde 1999, eventos para promover o ensino naquele país. A feira Imagine Estudar no Canadá foi realizada neste ano com a presença de 26 universidades e 4.700 visitantes. Em 2011, foram 4.100 visitantes e 18 universidades.

Giovana Bianchi, coordenadora de recrutamento para as Américas da Universidade de Alberta (Canadá), conta que a instituição fez um consórcio com mais três universidades canadenses (Laval, Dalhousie e Ottawa) para criar parcerias com o governo brasileiro e oferecer bolsas de estudo.

Também existem os casos das instituições estrangeiras que oferecem cursos até dentro do Brasil, como o programa de MBA Executivo da Universidade de Pittsburgh.

Laurie Kirsch, vice-reitora da universidade, em visita a São Paulo, comentou que a instalação do curso aqui foi vista como uma oportunidade devido à nova posição do país nos últimos anos.

"O Brasil tem uma importância crescente na arena econômica internacional. Isso significa que nossos alunos precisam de uma compreensão dos negócios em todo o mundo", afirma.

Esse interesse maior de universidades estrangeiras está atraindo tanto jovens que acabaram de sair do ensino médio como profissionais que desejam investir em suas carreiras.

Cynthia Obelenis, 18, viaja em janeiro para estudar engenharia civil na Universidade Texas A&M (EUA), com uma anuidade de US$ 20 mil (R$ 42 mil). Ela nunca estudou fora do país, mas resolveu topar o desafio.

"Foram muito atenciosos comigo em todas as dúvidas. Quem faz um bom ensino médio tem uma entrada facilitada. E vou morar em dormitórios dentro do próprio campus", conta.

Em outra fase da vida, Patricia Teixeira, 36, vai cursar gestão na Bournemouth Business School (Reino Unido) no ano que vem. Ela trabalha no departamento de vendas de um hotel de luxo no Rio e, com o curso no exterior, espera alcançar melhores posições na carreira.

"Na escola existe até um programa para apoiar estudantes estrangeiros, com organização de viagens aos fins de semana, dando dicas de entretenimento, ou seja, promovendo a socialização entre os alunos."

O Ciência sem Fronteiras é um programa dos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação para ajudar brasileiros a fazer cursos em outras nações, mas também recebe grande apoio do exterior.

ACORDOS

Segundo a assessoria do CNPq, o governo já foi procurado espontaneamente por países como Irlanda, Finlândia, Noruega, Índia, Portugal e China com ofertas de acordos de cooperação.

Também existe um interesse de empresas estrangeiras em atrair estagiários brasileiros. O Ministério do Desenvolvimento e o Departamento de Comércio dos EUA fizeram um acordo no primeiro semestre para que empresas americanas contratem estudantes do Ciência sem Fronteiras.

O ministério vem também prospectando governos de outros países.

De acordo com a Amcham (Câmara de Comércio Americana), neste ano, dos 530 alunos que participaram do programa nos EUA, 166 fizeram estágios em empresas.


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