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Ciência + Saúde

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Duas pessoas ficam livres do HIV após transplante

Operação foi feita para tratar câncer sanguíneo

DO "NEW YORK TIMES" DE SÃO PAULO

Dois pacientes com HIV foram identificados como livres da infecção após passarem por transplante de medula para tratar um câncer sanguíneo, segundo anúncio feito em uma conferência internacional sobre Aids.

O tratamento que permitiu aos pacientes abandonar a medicação contra o HIV foi realizado em Boston, nos Estados Unidos.

O resultado lembra o caso conhecido como "o paciente de Berlim". Timothy Brown recebeu o transplante de medula de um doador com uma rara mutação que oferece resistência ao HIV e não teve sinais da infecção mesmo cinco anos após o tratamento.

Segundo os pesquisadores, o tratamento só foi possível devido ao câncer sanguíneo dos pacientes, que tiveram acesso a hospitais com os recursos necessários para realizar esse transplante.

Segundo a presidente da Sociedade Internacional da Aids e pesquisadora responsável pela descoberta do vírus HIV, Françoise Barré-Sinoussi, as descobertas de Boston são "muito interessantes e encorajadoras".

A técnica utilizada envolve um enfraquecimento do sistema imunológico antes do transplante de medula óssea. O procedimento pode ser fatal em até 20% dos casos.

Após o transplante, as novas células atacam as células antigas do paciente em um processo que pode durar meses. Os pacientes de Boston usaram imunossupressores e esteroides e continuaram com a medicação contra o HIV para que o vírus não se reproduzisse.

Como as células antigas, onde o vírus se aloja, foram eliminadas, os especialistas acreditam que os pacientes podem ter se livrado completamente da infecção.

CURA?

Médicos do Brigham and Women's Hospital, onde os tratamentos foram realizados, evitam falar em cura porque o acompanhamento ainda é muito curto.

Um dos pacientes abandonou os remédios contra HIV há sete semanas e o outro há 15 semanas. Nenhum traço do vírus foi encontrado em seus sistemas imunológicos desde então.

Segundo os médicos, seria antiético fazer o tratamento em pacientes que não estivessem em estado crítico, especialmente porque a maioria das pessoas com HIV pode ter uma vida praticamente normal fazendo uso de remédios.

"Na maioria dos casos, esse transplante não se justifica. Não se pode sair fazendo um procedimento cheio de riscos quando há outras alternativas mais seguras", diz o médico infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emilio Ribas.

Segundo ele, o Brasil não teria condições de fazer um procedimento como esse hoje. "Não temos a tecnologia toda. E não é só transplantar a medula, é algo muito complexo", diz.


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