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Países ricos barram proposta brasileira na cúpula do clima

Ideia era criar acordo no qual corte de emissões levasse em conta quanto CO2 cada país liberou desde o século 19

Brasil quer usar força do G77 para ressuscitar abordagem; cálculo sobre 'responsabilidade histórica' seria do IPCC

GIULIANA MIRANDA ENVIADA ESPECIAL A VARSÓVIA

A proposta brasileira de esboçar um acordo do clima que leve em conta a "responsabilidade histórica" de cada nação sobre o aquecimento global foi bloqueada pelos países desenvolvidos.

Os brasileiros tentam agora usar a força dos apoiadores do projeto, ao menos 136 países, para destravá-lo na COP-19 (conferência mundial do clima da ONU), que entra hoje na reta final. O objetivo do encontro é criar um primeiro esboço do acordo global para redução de emissões dos gases do efeito estufa, a ser assinado em 2015.

Em linhas gerais, o Brasil propõe que seja criado um jeito de calcular quanto cada país contribuiu para o aquecimento global desde a Revolução Industrial. Essa parcela de "culpa" seria um dos elementos para definir as responsabilidades de cada nação --e cortes de emissões.

A polarização entre ricos e pobres já era esperada, especialmente porque agora cresce a pressão para que os emergentes --que nos últimos 20 anos aumentaram consideravelmente sua parcela de emissões-- também tenham metas ambiciosas e obrigatórias para reduzir a liberação de gases-estufa.

Países em desenvolvimento, por sua vez, reforçam que o aquecimento global é causado pelo acúmulo de emissões, e não apenas pelo CO2 jogado na atmosfera hoje. Mais prejudicadas pelo cálculo, nações ricas começaram uma campanha de oposição à metodologia proposta pelo Brasil já nos primeiros dias do encontro, que vai até sexta-feira em Varsóvia.

CONEXÃO IPCC

Em negociações na madrugada de domingo, o grupo brasileiro não conseguiu driblar a oposição. Para seguir com a ideia da responsabilidade histórica, o Brasil quer começar a discutir a proposta em outra instância da COP.

Os brasileiros querem usar a adesão do G77 (bloco de países em desenvolvimento, que na verdade conta com 135 países) e da China, campeã absoluta de emissões, para fazer a proposta seguir em frente, diz José Antônio Marcondes de Carvalho, negociador-chefe do Brasil no encontro.

O Brasil sugere que o IPCC (painel de climatologistas da ONU) desenvolva a metodologia para calcular a responsabilidade histórica de cada país, mas ainda não houve consulta formal ao grupo.

"Só pode haver uma resposta formal se o IPCC for chamado oficialmente pela convenção do clima. E isso não aconteceu justamente porque os países ricos, todos eles, impediram até mesmo esse diálogo", diz Raphael Azeredo, outro negociador da delegação brasileira. "É óbvio que o Brasil fez o dever de casa. Nós sabemos que essa metodologia é possível."

Integrantes do IPCC ouvidos pela Folha afirmam que o assunto é controverso mesmo dentro do próprio grupo de cientistas ligado à ONU.


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