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Marte teve lago capaz de abrigar micróbios
Conclusão é de análise de solo feita pelo jipe Curiosity, que explora o planeta desde 2012
O jipe Curiosity, da Nasa, identificou um local em Marte que, bilhões de anos atrás, abrigou um lago com condições ideais para abrigar formas de vida.
Segundo os cientistas, certas criaturas terrestres, que aqui costumam habitar fossas hidrotermais ou cavernas, poderiam perfeitamente sobreviver nele.
Com o achado, o robô está muito perto do momento da verdade: há compostos orgânicos --essenciais à vida-- no solo marciano?
Essa resposta ainda não foi obtida, mas o conjunto de medições obtido pelo jipe sugere que naquele local da cratera Gale há grande chance de encontrar sinais de química orgânica.
As análises demonstraram que o local estava soterrado e só ficou exposto na superfície numa época relativamente recente --80 milhões de anos atrás.
Isso é importante porque a radiação que incide sobre o solo marciano, com o tempo, elimina qualquer sinal de compostos orgânicos.
"Se você quer encontrá-los, esse terreno não foi exposto por um tempo tão grande. Poderia haver alguma degradação dos compostos, mas não muita", afirmou em entrevista coletiva Kenneth Farley, pesquisador do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia).
Farley é o autor principal de um dos seis artigos que serão publicados nesta sexta-feira no periódico "Science" com os últimos resultados do Curiosity, que está explorando o planeta vermelho desde agosto de 2012.
Segundo esses resultados, o lago não seria ácido e teria baixa salinidade, além de todos os elementos essenciais à vida. Além disso, ele teria durado por tempo suficiente para que coisas interessantes possam ter acontecido nele.
"Ele teve um período bem grande de habitabilidade, ficamos empolgados em reportar", afirma John Grotzinger, também do Caltech.
Diante desses dados, a temporada de caça aos compostos orgânicos está aberta em Marte.