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Pop star espacial

Chris Hadfield, astronauta que ganhou fama com os vídeos feitos no espaço, dá palestra no TED, lança livro no Brasil e diz que seu maior medo era de que algo ocorresse com a família enquanto estava lá no alto

FERNANDA EZABELLA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE VANCOUVER (CANADÁ)

Uma caminhada no espaço é a melhor pedida para quem visita à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), sugere o astronauta canadense Chris Hadfield, que passou cinco meses por lá e ganhou milhares de fãs ao criar um videoclipe e filmar uma centena de vídeos explicativos sobre a vida sem gravidade.

Ele voltou à Terra em maio de 2013, se aposentou logo depois e lançou diversos livros --um deles, o "Guia de um Astronauta Para Viver Bem na Terra", será lançado no Brasil pela Editora Agir.

"Você não está olhando para o universo acima; você e a Terra estão atravessando o universo de mãos dadas", ele contou para a plateia do TED (tecnologia, entretenimento e design), evento de palestras que aconteceu em março, em Vancouver (Canadá).

O passeio é "magnífico", ele promete, mas não vem sem sustos: em sua primeira excursão fora da estação, em 2001, Hadfield ficou cego.

"Não foi nada demais", disse o bigodudo de 54 anos, meio sério, meio sorrindo. Uma gota da solução antiembaçante do visor do capacete atingiu seu olho esquerdo, fazendo-o chorar. Como no espaço as lágrimas não caem, apenas formam uma grande gota, sua visão ficou obstruída. Logo o olho direito acabou prejudicado.

"Mesmo se você ficar cego, sua reação natural de pânico não acontece", ele continuou, explicando que astronautas treinam e treinam durante anos para uma missão específica e também para suas situações de risco. "Se você continuar chorando, qualquer coisa que estiver nos seus olhos acaba por sair e você volta a ver de novo."

Entre os cerca de cem vídeos explicativos que Hadfield fez no espaço, publicados na conta do Twitter, um dos mais famosos foi justamente sobre o que acontece quando se chora num ambiente sem gravidade. Ele também gravou outros sobre como fazer sanduíches, lavar as mãos e dormir.

O mais acessado, com 21 milhões de visualizações, é o videoclipe de um cover da canção "Space Oddity", de David Bowie, no qual canta e toca violão dentro da ISS.

Se ficar cego não o assustou, o canadense diz do que realmente tinha pavor durante sua estadia espacial: "Meu principal medo era de algo acontecer com minha família e eu não poder voltar para ajudá-la", falou Hadfield à Folha após a apresentação.

Em 2013, ele comandou uma equipe de cinco astronautas por dois meses na ISS e realizou experimentos sobre o impacto da falta de gravidade no corpo humano. "Fazia duas horas de exercícios todos os dias. Ganhei musculatura, perdi gordura e voltei sarado. No entanto, perdi 8% dos ossos do quadril", contou Hadfield.

Osteoporose é comum na profissão, assim como aterosclerose (doença caracterizada pelo entupimento de artérias) e problemas de visão. "Estamos aprendendo a combater cada um deles. A osteoporose é um desafio, e máquinas de exercícios ajudam."

Ao contrário do filme "Gravidade", vencedor de sete estatuetas do Oscar deste ano, no qual a atriz Sandra Bullock interpreta uma astronauta que passa por uma traumatizante volta à Terra, o canadense disse que, na vida real, foi moleza encarar essa parte. "É como pegar carona num meteorito", comentou. "Estudamos isto tanto que não estávamos gritando, e sim rindo. Foi divertido."

Hadfield ainda criticou o filme de Alfonso Cuarón, dizendo que a história e os personagens eram "nada realistas", mas elogiou os efeitos visuais. "Se você quiser saber como é andar no espaço, Gravidade' traz uma experiência extremamente vívida."


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