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Acordo em negociação não detém aquecimento de 2°C

Limite "perigoso" será cruzado sem corte de emissões ousado, diz painel

Produção de CO2 precisa cair de 40% a 70% até 2050, o que requer centenas de bilhões de dólares, diz relatório

RAFAEL GARCIA GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO

Os termos atuais do acordo internacional que negocia a redução nas emissões de gases do efeito estufa são insuficientes para que o planeta tenha uma chance razoável de evitar o limite "perigoso" para o aquecimento global.

Essa é a conclusão do próximo relatório do IPCC (painel do clima da ONU), que inicia hoje a reunião final do grupo de trabalho 3, encarregado de avaliar a possibilidade de mitigação da mudança climática.

O documento deve ser divulgado oficialmente só no próximo domingo (13), mas uma versão do sumário não técnico do relatório obtida pela Folha aponta limitações no chamado "compromisso de Cancún" --os parâmetros já negociados para um futuro tratado mundial do clima.

A proposta na mesa prevê que um corte efetivo de CO2 e outros gases-estufa só inicie a partir de 2020. O IPCC, porém, afirma que isso impediria a concentração de carbono de ficar abaixo de 530 ppm (partes por milhão) em 2100.

Caso isso ocorra no fim do século, a temperatura média do planeta teria mais de 50% de risco de exceder o acréscimo de 2°C em relação ao clima pré-revolução industrial, o limite arbitrário considerado "perigoso" pela ONU.

Hoje a atmosfera tem 400 ppm de CO2, mas o gás emitido permanece no ar por muitos anos, e baixar concentrações requer ação rápida.

O grande problema para mitigar o aquecimento é que as emissões estão em tendência de aumento, diz o novo relatório do grupo 3 do IPCC.

Entre 1970 e 2000, a taxa de crescimento foi de 1,3% ao ano, enquanto entre 2000 e 2010, foi de 2,2%. Para evitar o limite "perigoso", é preciso que as emissões globais sofram um corte de 40% a 70% antes de 2050, algo que as ambições do compromisso de Cancún não contemplam.

Em conversa com jornalistas na semana passada, José Marengo, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e do IPCC, afirmou que limitar o aquecimento em 2°C não é impossível, mas também não é nada fácil.

"Isso significaria praticamente zerar as emissões de gases-estufa a partir de 2040", disse.

"Sem reduzir as emissões, o aquecimento pode ser de 4°C ou mais até o fim do século. E aí não há adaptação que dê jeito", completou.

Essa meta requer financiamento maciço, diz o IPCC. Seria preciso um aumento anual de US$ 147 bilhões no investimento em energia renovável até 2030, além de "várias centenas" de bilhões aplicados em eficiência energética.

O investimento de mitigação com melhor custo-benefício é em países pobres, mas ainda não está claro quem vai financiar o que e onde.

Nas últimas conferências do clima, o formato e os valores de financiamento para um fundo global de mitigação têm avançado a passos lentos.


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