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Talento inflamado

Brasileiro entra na lista da revista "Cell" que elenca cientistas com menos de 40 anos em destaque internacional

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A revista científica "Cell", uma das mais importantes do mundo, fez uma lista de 40 cientistas de peso com menos de 40 anos de idade como forma de comemorar seu quadragésimo ano de existência. Curiosamente, o único brasileiro da lista, Dario Simões Zamboni, 38, que estuda processos inflamatórios, diz que nunca teve a sorte de emplacar um estudo na "Cell".

"Se eu fosse escolher uma revista para publicar um trabalho de impacto, certamente seria a deles", brinca Zamboni, professor da USP de Ribeirão Preto. "Outras publicações importantes, como a Nature' ou a Science', priorizam mais a novidade, os assuntos mais quentes. A Cell' é aquele espaço onde você consegue contar uma história de pesquisa de maneira completa, com dez figuras."

Essa, inclusive, é uma das principais críticas de Zamboni aos rumos que a ciência brasileira tem tomado. Para o biólogo da USP, as agências de fomento à pesquisa do país, ao supervalorizar a quantidade de artigos que cada cientista publica, acabam atrapalhando as tentativas de montar esse tipo de história completa --o que reduz o impacto da pesquisa brasileira.

"Na área biológica, você tem duas maneiras de ver um fenômeno: ou você simplesmente o reporta, descrevendo-o, ou você tenta ver o que está por trás do fenômeno, por que ele acontece. A maneira mais completa de fazer as coisas é juntar tudo num só paper' [artigo científico]. E as agências de fomento do Brasil têm de olhar com uma atenção especial as pesquisas que fazem as duas coisas, o que não acontece hoje", explica. "Se eu sou cobrado apenas por número de papers', acabo desistindo, ainda mais com as barreiras que nós temos para importar reagentes para pesquisa."

INSETOS E ORQUÍDEAS

Nascido em Jaboticabal (SP) em família de paulistas são-paulinos, Zamboni foi para Brasília com os pais com apenas um ano de idade. E lá cresceu. Tanto o pai quanto a mãe eram professores universitários (ele de artes plásticas, ela de letras), mas ele diz que, desde que se entende por gente, seu maior interesse já era pela biologia.

"Quando eu era pequeno, ficava contando quantas vezes uma barata d'água ia para um lado ou para o outro", ri ele. Aos 13 anos, junto com o pai, pôs-se a cultivar orquídeas, o que hoje ele considera "quase uma terapia". Aproveitando o calor ribeirão-pretano, boa parte de suas 300 plantas são oriundas da Bahia e outras regiões quentes.

Foi o estudo dos micro-organismos, no entanto, que acabou por fisgá-lo, numa iniciação científica ainda no ensino médio, sob orientação de Isaac Roitman, da UnB (Universidade de Brasília), onde depois cursou biologia. Fez seu doutorado na Unifesp, em São Paulo, e um pós-doc na Universidade Yale, nos EUA. Sua mulher, Tiana Kohlsdorf, também é bióloga e leciona na USP de Ribeirão Preto --eles têm dois filhos, Bruno, 6, e Carolina, 4.


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