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Biólogo investiga reação a parasitas dentro de células
COLABORAÇÃO PARA A FOLHAO grande desafio de Zamboni e de seus colaboradores é entender como funciona o contra-ataque aos chamados parasitas intracelulares, ou seja, aqueles que precisam se instalar dentro das células de seus hospedeiros. Essa é uma categoria vasta de inimigos da saúde humana, que inclui todos os vírus, muitas bactérias e muitos micro-organismos mais complexos, como os patógenos causadores da leishmaniose, da doença de Chagas e da malária.
A equipe da USP de Ribeirão Preto está ajudando, entre outras coisas, a elucidar o funcionamento do inflamasoma, um conjunto de moléculas, entre as quais a enzima caspase-1, que deflagra uma resposta inflamatória (como indica seu nome) quando uma célula detecta que um desses parasitas invadiu seu interior.
Essa reação tem algo de kamikaze: a célula, ao "perceber" bioquimicamente a invasão, inicia sua autodestruição e, ao mesmo tempo, envia uma mensagem de emergência ao sistema de defesa do organismo, recrutando para o local outras células cuja missão é deter a infecção --daí o processo inflamatório.
LEISHMANIOSE
Um dos trabalhos recentes da equipe, publicado na revista "Nature Medicine" de julho do ano passado, foi demonstrar como as moléculas do inflamasoma se comportam durante a leishmaniose, causada por protozoários do gênero Leishmania.
"Não sei se nós conseguiríamos aplicar facilmente esse tipo de conhecimento para controlar uma infecção, já que gerar inflamação também danifica o hospedeiro", explica Zamboni. "Não é uma coisa assim tão simples."
De qualquer maneira, o biólogo não hesita em afirmar que o único jeito de enfrentar micro-organismos nocivos com mais eficiência --a exemplo das bactérias, cada vez mais resistentes a antibióticos-- é aumentar o conhecimento sobre a biologia deles. Só assim é que surgem ideias indicando novos caminhos. "Daí a importância da pesquisa básica", ressalta.