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Vacina contra a dengue consegue 56% de proteção

Estudo apresentou resultados da eficácia da imunização em países da Ásia

Empresa que produz a vacina considera o resultado bom, mas, para infectologista, taxa ainda é baixa

FERNANDO TADEU MORAES DE SÃO PAULO

Um estudo publicado nesta quinta-feira (10) na revista científica "Lancet" apresentou os resultados da fase 3 (última etapa de testes, que avalia a eficiência de uma substância) de uma vacina contra a dengue. A proteção total alcançada foi de 56%.

Hoje, não existe nenhuma vacina que previna a doença. "O grande problema de se produzir uma vacina contra a dengue é que você precisa de 4 vacinas em 1, uma para cada subtipo", diz o infectologista Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da USP.

Neste ano, pela primeira vez, os quatro subtipos da doença circularam no Estado de São Paulo.

Kallás considera o resultado da proteção de "moderado para baixo". "É muito difícil imaginar a aprovação de uma vacina contra a dengue que apresente uma proteção desse nível, diz.

Lucia Bricks, diretora de saúde pública da Sanofi Brasil, empresa que produziu a vacina, diz que "o resultado é muito bom dentro do contexto da dengue no mundo, já que temos milhões de casos todos os anos". Ela diz que a meta da Organização Mundial de Saúde é que até 2020 o número de casos de dengue diminua 25%. "Nossa vacina conseguiu mais do que o dobro disso."

O resultado da proteção por subtipo foi desigual: para o tipo 1, a proteção foi de 50%, para o tipo 2, 35%, para o tipo 3, 78%, e 75% para o tipo 4. "Traz preocupação essa proteção menor da dengue tipo 2", diz Esper Kallás. Esse tipo circulou na epidemia em Campinas, neste ano.

O estudo contou com 10.275 crianças de 2 anos a 14 anos da Ásia. Destas, 6.851 receberam a vacina e 3.424, um placebo. Segundo Bricks, um estudo com a mesma vacina com cerca do dobro de participantes na América Latina, incluindo o Brasil, deve estar pronto em breve.

A proteção é feita em três doses, com intervalos de seis meses. Para Kallás, esse esquema de vacinação torna a vacina pouca prática.

"Esse é o esquema pelo qual conseguimos demonstrar a resposta imune mais equilibrada e que acreditamos que forneça a proteção mais longa", explica Bricks.

A eficácia da vacina contra a dengue hemorrágica (forma mais grave da doença) foi de 88,5%. No grupo de vacinados, houve três casos dessa forma da doença. No grupo-controle, porém, houve 13 casos. "É uma diferença significativa", diz Kallás.

O infectologista lembra que o estudo foi feito na Ásia com crianças. "Mas, no Brasil, o número de casos de dengue em crianças é muito menor do que em adultos." Para ele, não é possível extrapolar os resultados dessa vacina para o contexto brasileiro.

Segundo Bricks, nos últimos anos têm aumentado os casos de crianças com dengue no Brasil. Ela diz que estudos preliminares mostram que a resposta imune de adultos e adolescentes seria até maior do que a apresentada pelas crianças.


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