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O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Cientistas convertem arquivo de computador em DNA sintético

Material é mais duradouro e compacto do que os suportes atuais

SALVADOR NOGUEIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pesquisadores europeus acabam de provar que é possível armazenar arquivos digitais em DNA.

Hoje, com o aumento exponencial do mundo digital, há uma necessidade crescente de memória para armazenar o conteúdo produzido.

Discos rígidos e dispositivos de memória flash (os gloriosos pen drives) são as opções mais comuns, mas exigem fornecimento de energia para operar, e a preservação magnética dos dados acaba se degradando com o tempo.

Em comparação, moléculas de DNA são extremamente estáveis. "Já sabíamos que o DNA é uma forma robusta de armazenar informação porque podemos extraí-la de ossos de mamutes, com dezenas de milhares de anos, e ainda assim compreendê-la", diz Nick Goldman, do Instituto Europeu de Bioinformática, autor do novo estudo, publicado na "Nature".

O fator mais complicado na hora de guardar informações em moléculas de DNA é escrevê-las de modo a conseguir recuperá-las mais tarde.

O DNA é composto por quatro bases nitrogenadas: C (citosina), G (guanina), T (timina) e A (adenina).

Até aí, ótimo -é até melhor que os computadores, que só trabalham com 0 e 1. O problema é "soletrar" o conteúdo -as técnicas de produção de DNA acabam levando a erros de "digitação", principalmente quando duas letras iguais vêm em seguida.

Além disso, só se consegue hoje produzir sequências pequenas -nada como um cromossomo inteiro, com milhões de pares de base.

Os pesquisadores superaram esses problemas estabelecendo uma correlação entre bytes convencionais e bytes escritos em bases nitrogenadas, de forma a evitar a repetição de letras genéticas.

Depois, trabalharam com sequências pequenas, com superposições entre elas, e trechos que indicavam como deveriam ser reconstruídas.

Partindo de um arquivo de texto, um mp3, uma foto, um pdf e um arquivo de código (que explica como a conversão de arquivos é feita), a empresa californiana Agilent Technologies sintetizou uma amostra de DNA que mais lembrava um grão de poeira.

O material foi despachado pelo correio, sem cuidados especiais, para a Alemanha.

Ao chegar lá, Goldman e sua equipe "leram" o conteúdo do DNA e remontaram a sequência no computador.

O sucesso abre caminho para o uso prático da técnica, mas ainda é preciso melhorar a codificação e as técnicas de escrita e leitura do DNA para que isso se torne comercialmente viável.

Como o custo da síntese de DNA vem caindo, dizem os pesquisadores, esse esquema deve ser comercialmente praticável em uma década.

Eles destacam que seria possível armazenar todos os filmes e séries já produzidos -cerca de 100 milhões de horas de vídeo em alta definição- em uma xícara de DNA.

A técnica seria útil para preservação a longo prazo das cópias digitais definitivas que os grandes estúdios de cinema fazem de seus filmes.

Entretanto, não espere ter um disco rígido de DNA em sua casa. Para acesso rápido e constante aos dados, a memória magnética de hoje é bem mais prática. A vantagem do DNA é em preservar arquivos a longo prazo, com baixo índice de acessos.


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