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Doce arte

Livro registra receitas do café do Museu de Arte Moderna de San Francisco, que serve sobremesas inspiradas em obras

FERNANDA EZABELLA DE LOS ANGELES

Foi por causa de uma pintura de Wayne Thiebaud, conhecido pelas obras repletas de guloseimas, que Caitlin Freeman resolveu fazer bolos.

Estudante de artes plásticas, ela queria recriar os doces para poder fotografá-los. Mas a brincadeira foi tão longe que a californiana acabou abrindo uma confeitaria em San Francisco e deixou de lado a carreira de fotógrafa.

Hoje, mais de dez anos depois, ela lidera o Blue Bottle Coffee no Jardim das Esculturas, no topo do Museu de Arte Moderna de San Francisco, na Califórnia (EUA).

No menu, constam artistas cujos trabalhos estão expostos pelas galerias, transformados em deliciosas sobremesas.

"Há pessoas que visitam o museu só para ver nossos bolos", diz Caitlin à Folha durante um café da manhã em Los Angeles.

"E há outras que não amam arte moderna, que vêm ao museu obrigadas e, às vezes, se sentem alienadas. Temos que ter um balanço. Nem todo mundo quer estender a experiência artística no café."

Seus bolos inspirados em Thiebaud são um dos principais atrativos do café, com recheios que variam com as frutas da estação. O mais popular é o bolo Mondrian, que vende a R$ 16 o pedaço e está na capa de seu primeiro livro, "Modern Art Desserts", lançado no último mês.

A publicação traz 27 receitas adaptadas para serem feitas em casa, em cozinhas "moderadamente equipadas". Há histórias curiosas sobre sua trajetória de chef autodidata, seu processo de criação e sua relação com os artistas, nem sempre fácil.

A maioria dos doces tem inspiração conceitual e não é facilmente reconhecida como o Mondrian. O "Warhol Gelée", por exemplo, é um doce de geleia de morango, menta e leite de rosas, baseado nas cores do retrato de Elizabeth Taylor. Apesar de pop, Andy Warhol (1928-1987) deu trabalho para Caitlin.

"Tentamos várias outras coisas com os Warhols do museu, coisas espertas, mas nada deliciosas. Suas cores não são muito comestíveis, muitos azuis e verdes", disse ela, que conta com a ajuda de curadores para ter acesso a obras não expostas.

Outro artista que fez Caitlin perder o sono foi o belga Luc Tuymans, que ganhou uma retrospectiva em 2010. Ele odiou o bolo Mondrian, mas ficou encantado com a possibilidade de ter uma obra sua transformada em sobremesa. O quadro escolhido era um coração todo cinza, que virou um crème fraîche parfait, feito com chá Earl Grey, molho doce de ágar e licor de violeta.

"Deu trabalho, mas acho que é minha sobremesa mais gostosa. Tão simples e com um gosto meio triste e sombrio, como a pintura."

Há brasileiros no acervo, como os irmãos Campana e Sebastião Salgado, mas que ainda não viraram doces do Blue Bottle Coffee, uma franquia fundada pelo marido de Caitlin, James Freeman. Os dois já vieram ao Brasil para visitar fazendas de café.

A partir de segunda-feira, o museu fecha para reforma até 2016. Caitlin começará a vender o bolo Mondrian on-line (modernartdesserts.com) ainda neste ano.

MODERN ART DESSERTS
AUTORA Caitlin Freeman
EDITORA Ten Speed Press
QUANTO US$ 15 (cerca de R$ 30), na Amazon.com (216 págs.)


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