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Livro traz receitas da infância e técnicas de Vinicius na cozinha

Obra revela os truques de cozinheiro, como descascar cenoura com palha de aço, e narra assaltos à geladeira

Em um dos capítulos, chefs como Alex Atala e Flávia Quaresma criam receitas a partir de textos célebres do autor

MARÍLIA MIRAGAIA DE SÃO PAULO

Histórias apetitosas estão distribuídas ao longo das páginas apinhadas de receitas de "Pois Sou um Bom Cozinheiro".

Um dos "causos" revela o apreço do poeta pela exploração de novas técnicas no preparo dos alimentos. De fazer inveja ao chef catalão Ferran Adrià, uma de suas descobertas, conta a cantora Miúcha, era a habilidade de descascar cenouras usando palha de aço.

O livro também conta que no restaurante Tavares, em Belo Horizonte (MG), Vinicius gostava de entrar na cozinha e dar seu toque pessoal aos pratos que pedia.

Tinha uma fórmula especial para que suas "fritas em tamanho família" ficassem sequinhas. E assim queria, mesmo que atrasasse os pedidos do restante da clientela.

EM CASA

Na infância, jura a irmã Leta, foi um menino tranquilo, que nutria verdadeira paixão pela comida servida pelos pais e avós.

Assim, pratos como a carne assada da avó Neném, o vatapá feito pelo vovô Moraes e o cozido preparado pelo pai, Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, foram reunidos no primeiro capítulo do livro, que também abriga as receitas tradicionais do Natal.

São preparos originais ou que foram recriados seguindo instruções da família.

Quando fora do país, em turnês ou a trabalho, Vinicius registrava as muitas saudades da comida de casa.

Em carta de 1964, que escreveu a Tom Jobim da França, ele elenca pratos que iria encomendar para sua volta. Menciona, entre outros, "lombinho de porco, bem tostadinho" e papos de anjo.

O doce, é bom que se lembre, é apenas uma das muitas sobremesas apreciadas por Vinicius. O açúcar, entretanto, lhe foi proibido quando diagnosticado com diabetes.

A doença, porém, não o impediu de levar a cabo ataques noturnos à geladeira. Em uma das incursões, conta o livro, esqueceu os óculos no refrigerador. O objeto, assim, se transformou em prova irrefutável do delito.

OUTRAS MESAS

As andanças do poetinha por mesas afora são registradas no capítulo "Receitas de Rua". Nele, se faz uma turnê gastronômica por endereços frequentados por Vinicius em destinos tão díspares quanto Minas Gerais e Los Angeles.

Onde quer que fosse, "restaurante para ele era um lugar seguro e de felicidade. Incluía ser bem recebido, ter o maître que ficava feliz quando chegava, o garçom que o o conhecia", diz Georgiana de Moraes, 60, a filha do meio de Vinicius.

Ainda que tivesse locais favoritos em outras terras, Vinicius não se cansava de louvar a comida brasileira. "Existe por acaso um sorvete como o do seu Morais às margens do Ródano?", diz na crônica "Minha Terra Tem Palmeiras...".

Para Eucanaã Ferraz, estudioso da obra do poeta, a referência é coerente com a trajetória dele. "Essa cozinha que tem pimenta, gordura, de raízes brutas, comunica-se com um personagem que não viveu para se poupar", diz Ferraz, que é autor de "Folha Explica Vinicius de Moraes".

O último capítulo de "Pois Sou um Bom Cozinheiro" dedica-se a transpor a obra de Vinicius para a mesa. Chefs como Alex Atala interpretam textos célebres (como "Receita de Mulher") e os transformam em receitas.


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