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Nina Horta

Diversificar, palavra de ordem

Abrimos rotisserias, fazemos congelados, damos aula, vamos para a TV, escrevemos livros...

Já repararam que todo artista que é entrevistado sobre sua peça de teatro diz que está bombando, casa cheia todo dia, é para corrermos lá antes de perder uma obra prima daquelas. É que sabem, espertos, que se se apresentarem desanimados, comentando que é difícil encher uma casa mesmo de quinta a domingo, todos ficariam ressabiados achando que o espetáculo não deve ser lá grande coisa. Sutilezas do marketing. E convenhamos que, se todas as salas que vão ao "Programa do Jô" estão repletas, o teatro está num boom jamais visto.

Nos anos 80, quando os homens começaram a cozinhar nos EUA (era a época dos yuppies), não havia mais empregados, as mulheres ganhavam cada dia mais o mercado de trabalho, e foi preciso glamorizar a tarefa da cozinha, pois virou obrigação. E quem quer saber de obrigações? Mais interessantes são os hobbies. Apareceu o "Zagat", muitos críticos de restaurantes, as cozinhas maiores que as salas, os "inutensílios" do desejo, como o moedor de grão-de-bico.

Agora, para todos os efeitos, não estamos em crise. Ninguém. Experimente perguntar na área dos fornecedores de comida em grande escala, de bufês, por exemplo, como vão os negócios. (É diferente receber 400 pessoas ou ir a um restaurante com a família de dois filhos.)

O interrogado abre um enorme sorriso, anda tudo de vento em popa, a agenda está ocupada até 2020. A mesma tática do ator da peça. Puxa, até a Petrobras e a Amazon perdendo dinheiro e o cara tão feliz! Você, ensimesmado, acha que a crise só bateu na sua porta.

Mas todos nós estamos botando a criatividade pra correr. Abrimos rotisserias, fazemos congelados, damos aula, vamos para a TV, escrevemos livros, inauguramos mercadinhos. Queremos carrinhos de rua.

Ai, o meu eterno sonho, dona de um carrinho desses, de puxar ou empurrar, batendo um sino pequeno para não aumentar os barulhos. O nome já pensei, "o angu da velha", com um logo simpático.

As pessoas saindo de casa na hora do almoço para comer uma cumbuca... E quando eu me cansasse, pá, batia a tampa do carro e acabou o angu da velha por aquele dia. E iria vendendo franquias e tlim, tlim, o dinheiro se acumulando. Diversificar é a palavra de ordem.

Qual é a moda de comida no mundo? Comida de alma, comida de casa, comida de botequim... Um doidão até proibiu o foie gras. Saíram dez livros sobre conservas. Atenção, conservar! E de presente para você, que é hora de agradar o cliente:

Picles de quiabo: são ótimos, sem baba, picantes, uma delícia com pão preto e um salaminho.

2 kg de quiabos bem tenros (é preciso que sejam mesmo bem macios, pois os velhos são fibrosos demais.); 3/4 de xícara de sal; 8 xícaras de vinagre branco; 1 xícara de água, 10 pimentas frescas, 10 dentes de alho. Lave os quiabos. Deixe os cabinhos para que não soltem gosma. Ponha em vidros, bem apertados. Em cada vidro uma pimenta e um dente de alho. Esquente o vinagre, a água e o sal até ferverem. Se quiser, junte mais tempero, sementes de mostarda e salsão. Despeje o líquido quente sobre o quiabo. Feche o vidro. Deixe ficar por um mês antes de usar. (Será que precisa tanto?)

ninahorta@uol.com.br

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ninahorta.blogfolha.uol.com.br


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