Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Crítica Restaurante
Pratos simples revelam o calor da cozinha italiana
Positano, nos Jardins, tocado por ex-funcionários do Piselli, tem cardápio enxuto e ambiente descontraído
Não são poucos os restaurantes de São Paulo que nasceram da escola do Fasano, ou mais especificamente, de funcionários de outro restaurante do grupo, o Gero. Enquanto o fenômeno continua, já há também uma terceira geração se apresentando à cidade, caso do Positano, tocado por ex-funcionários do Piselli (este, derivado do Gero).
É claro que as características originais vão se diluindo, e não se trata de comparar a inspiração original com as criações. No caso do Positano, é um lugar de ambiente bem mais descontraído e com um cardápio mais enxuto.
Serve também pratos mais simples, mas que revelam o calor da cozinha italiana. O chef, aliás, vem de lá: Boris Melon, 31, nasceu no Piemonte e já havia trabalhado por dois anos no Piselli antes de voltar à sua terra.
Ele retornou agora a São Paulo a convite dos proprietários do Positano, Sergio Santos, 29, e Fernando Matos, 32. A dupla, também eles ex-funcionários do Piselli, onde começaram em 2005, se uniu a dois empresários para constituir a nova casa.
Ela fica numa simpática esquina dos Jardins, com janelões de vidro e algumas mesinhas na calçada.
Os pratos são bem apresentados, como as entradas de tartare de salmão ao creme de limão-siciliano ou a salada de frutos do mar ao molho do mesmo limão, com rúcula.
O maior investimento do cardápio é nas massas frescas. É dessa seção que vêm os sedosos raviólis de merluza com molho delicado de anchovas e os capellacci com recheio de carne ao molho do assado. As massas secas são apenas duas, o que inclui espaguete à carbonara.
Saindo das massas há coisas corretas, ainda que não fantásticas, como a merluza com espinafre e pinoli (ao molho cítrico, fixação da casa).
Mas há também coisas estranhas, como a costata (bisteca) à fiorentina: um t-bone servido no ponto, mas com barbecue (gelado, ainda por cima) e batatas ao forno que poderiam ser mais coradas.
O stracotto di stinco, canela do boi cozida ao vinho tinto (mas servida sem osso) com polenta aos quatro queijos se sai melhor. Uma sobremesa diferente, mas um pouco pesada, é o bunet, pudim de cacau e amareto, com recheio de panna cotta e molho de pêssego.