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Lei para uísque do Tennessee pode minar a inovação

Para especialista, regras tornam homogênea receita da bebida, mas garantem qualidade da produção

Emenda que mudaria a lei foi colocada em estudo; empresas devem se adequar às normas até 2016

MAGÊ FLORES DE SÃO PAULO

O debate sobre como deve ser o "Tennessee whiskey" foi para a geladeira na semana passada, depois de dividir a opinião de legisladores.

Na ocasião, entrou em discussão a emenda proposta para alterar a lei que determina, desde o ano passado, as características de um uísque do Estado americano do Tennessee.

De acordo com a retificação, a bebida poderia ser classificada como "Tennessee whiskey" desde que fosse produzida naquele Estado --e só.

A lei, no entanto, exige, entre outros, que esse uísque tenha ao menos 51% de milho, seja filtrado em carvão feito com bordo (a árvore de maple), e envelheça em barris de carvalho novos. As marcas devem se adequar aos novos padrões até janeiro de 2016.

"Com as recomendações, o produto ficará muito homogêneo. A lei limita a criatividade e a inovação, mas também é rígida a ponto de afastar produtores picaretas", diz o especialista em uísque e consultor da Single Malt Brasil, Alexandre Campos.

A britânica Diageo (proprietária da marca de uísque George Dickel, que não está à venda no Brasil) é uma das interessadas na revisão da lei. Segundo a empresa, as determinações impostas coincidem com a receita do concorrente Jack Daniel's, principal marca do Tennessee.

Para David McMahan, que representa a George Dickel, a lei fará com que todos os uísques da região tenham gosto de Jack Daniel's.

BARRIS

A recomendação relativa aos novos barris é a mais polêmica. Além de caros --custam cerca de US$ 600 (R$ 1.355) contra US$ 100 (R$ 255) pagos por um de segunda mão--, são raros.

Segundo a Jack Daniel's, a determinação sobre novos barris é uma maneira de estabelecer um padrão de qualidade. A empresa afirma que é o envelhecimento que dá cor, aroma e sabor à bebida.

Ao "reaproveitar" barris, outras destilarias poderiam fazer uso de corantes e aromatizantes para reproduzir características adquiridas com a madeira "virgem".

Para o especialista em destilados Cesar Adames, não há garantia de qualidade apenas com a exigência de novos barris. "Isso depende da qualidade da madeira. Bons barris podem durar até 30 anos, mas ao determinar que ele seja novo, há ao menos a garantia de que ninguém o tenha usado incorretamente", diz.

Billy Kaufman, presidente da pequena destilaria Short Mountain, afirmou à revista americana "Time" que gostaria que o "Tennessee whiskey" fosse sinônimo de qualidade, como o Champanhe da França. "Mas isso só acontecerá se nós concordarmos sobre como fazer uísque. Nós deveríamos estar construindo essa tradição."


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