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Sabores centenários

Rei do Filet, em SP, faz cem anos servindo a mesma receita; conheça outras seis casas centenárias do país

MARÍLIA MIRAGAIA DE SÃO PAULO

Nos idos de 1914, depois que terminavam as apresentações no Theatro Municipal de São Paulo, alguns de seus espectadores iam à rua Conselheiro Crispiniano saciar a fome. Comiam ali um denso filé, tostado por fora e vermelho por dentro, acompanhado de alho, fritas e agrião.

Essa composição, preparada até hoje na casa que se tornou o restaurante Rei do Filet (também conhecido como Filet do Moraes), completa seu centenário neste ano.

A combinação era servida pelos portugueses Salvador Domingos e Manoel Pereira Vidal no Esplanadinha. Não à toa, Moraes era o chapeiro responsável por preparar a carne, sempre malpassada.

No começo do século passado, o negócio ficava próximo ao hotel Esplanada ("o Copacabana Palace paulista", segundo o livro "Viagem Gastronômica Através do Brasil", de Caloca Fernandes).

Em 1929, transferiu-se para o endereço atual, na praça Júlio Mesquita, em "plena zona boêmia da noite paulistana" àquela época.

Com a mudança, seu nome passou a ser Moraes Bar, Café e Sorveteria. Mas era tratado mesmo de "Filet do Moraes" ou "Rei do Filet". Esse último apelido foi oficializado na década de 1960.

LISTA DE CLIENTES

Os donos (descendentes da mesma família, mais dois amigos que se tornaram sócios), ainda mantêm uma cartela manuscrita com os nomes de clientes das antigas.

Entre eles estão o escritor Monteiro Lobato (1882-1948), o cantor Sílvio Caldas (1908-1998), o jornalista "e vizinho de apartamento" Cásper Líbero (1889-1943) e o treinador da seleção brasileira Vicente Feola (1909-1975).

A lista de fregueses do filé de 490 gramas ainda inclui o músico Adoniran Barbosa (1910-1982), que teria composto ali a música "Trem das Onze", e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O escritor e jornalista Fernando Jorge, também cliente do endereço e fã da carne malpassada "que nunca veio dura", conta que já esteve no local com o presidente Jânio Quadros (1917-1992).

"O prato predileto dele era camarão com quiabo. Mas ele também gostava de uma carne bem suculenta", diz.

O menu, garante o proprietário José Luiz Freitas, continua o mesmo desde a abertura, nos arredores do Theatro Municipal, quando os fregueses não tinham escolha: a carne era servida sangrando, e o chope, só com colarinho.

A combinação centenária (filé de 490 g, alho, batatas fritas e agrião) também permaneceu com preparo intocado. A única diferença, hoje, é que a salada é pedida à parte.

Em terras onde restaurantes recém-abertos fecham aos montes, "Comida" vai contar as histórias de outros seis estabelecimentos, de quatro capitais, que já completaram um século --em boa forma.


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