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Lugar de mulher...

Lista dos 50 melhores restaurantes só tem duas casas lideradas por mulheres; chefs divergem sobre desigualdade

MARÍLIA MIRAGAIA DE SÃO PAULO

Apenas dois restaurantes dentre os 50 melhores do mundo em 2014 são liderados por mulheres. O ranking internacional, organizado pela revista inglesa "Restaurant", foi divulgado anteontem.

Entre as chefs da lista está a brasileira Helena Rizzo, que comanda, com o marido, Daniel Redondo, o Maní. A casa paulistana ocupa o 36º lugar.

Além da colocação, Rizzo também recebeu o prêmio de melhor chef mulher do mundo. A distinção homenageia uma profissional a cada ano.

A outra cozinheira do ranking é a espanhola Elena Arzak, do Arzak, em oitavo lugar.

Como comparação, o número de mulheres na lista mundial de restaurantes é menor do que o de CEOs mulheres --são cinco-- entre as 50 primeiras empresas da "Fortune 500" (ranking de companhias dos EUA).

A chef Roberta Sudbrack, do restaurante homônimo no Rio, acha pequena a participação feminina no prêmio.

"Acho pouco, tem mulheres fantásticas que poderiam estar lá, mas não estar não reduz a importância delas e do trabalho que fazem", disse.

Em conversa por e-mail com a Folha, a organização da premiação disse que "seria ótimo ver a desigualdade de gênero nas cozinhas --e na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo-- mudar".

Para discutir a baixa presença feminina na lista, a Folha conversou com chefs brasileiras e de fora do país. As opiniões são divergentes.

A italiana Nadia Santini (do Dal Pescatore), eleita melhor chef mulher no ano passado, acredita que a questão está mais ligada "ao desenvolvimento pessoal do que a uma discussão de gênero".

Mas histórias como a vivida por Renata Vanzetto, dos restaurantes Marakuthai e Ema, em São Paulo, ainda não são coisa do século passado. "Na Espanha, trabalhei como garçonete em um bufê e pedia ao chef para me deixar ir para a cozinha. Ele sempre negava, e um dia disse: Não, você é mulher'", lembra a chef.

Heloisa Bacellar, do também paulistano Lá da Venda, acredita que homens "ainda aparecem com um pouco mais de facilidade". E, mesmo com a maior presença de mulheres em diferentes áreas, "ainda há, sim, que provar que você realmente merece estar onde está. A guerra é um pouco mais feroz".

FOGO ALTO

Um debate acalorado sobre o tema surgiu no fim de 2013, quando a revista "Time" publicou a edição "Gods of Food", em que listou personalidades da gastronomia.

A capa estampava três homens (entre eles Alex Atala, do D.O.M.) e o texto não mencionava nenhuma chef mulher. A ausência gerou protestos e a discussão foi parar no jornal "The New York Times".

Amanda Cohen, do Dirt Candy, em Nova York, foi uma das chefs a participar do debate. Em seu manifesto, defendeu que restaurantes tocados por mulheres recebem menos atenção da mídia.

À Folha disse ser "uma vergonha só ter duas mulheres entre as melhores do mundo". Sobre o prêmio de melhor chef mulher, completou: "É um mal necessário. Gostaria que não fosse o caso [de ter um prêmio separado], mas nós não temos escolha agora".


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