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Projeto mapeia pizzas tradicionais e 'caça' histórias de família em NY
Cinco amigos nova-iorquinos querem mostrar a importância do prato italiano na cidade
Para os idealizadores, a pizza de Nova York é única por causa das pessoas e das suas experiências
Na pequena pizzaria do Brooklyn fundada pelo pai há 41 anos, Giovanni Lanzo, 50, cuida pessoalmente de cada fatia entregue aos clientes. Acredita que a herança deixada pelo pai, Luigi, pode se perder se ele não cuidar de cada etapa do processo --e atender os clientes e o telefone da pizzaria, todos os dias.
"O importante para mim é fazer a pizza da melhor forma que eu puder. Eu assumi algo que era tradição na minha família e eu não posso pôr tudo a perder. Não seria justo com meu pai", disse Gio, como é chamado na vizinhança, entre uma ordem e outra dada aos poucos funcionários da Luigi's Pizza.
Foi atrás de histórias como essas que cinco amigos se reuniram há três anos para desenvolver um projeto que mostrasse a importância da pizza para os nova-iorquinos.
A ideia do NY Pizza Project era mapear lugares onde são servidas as tradicionais fatias nos bairros, e conhecer quem faz e quem come pizza nas cinco regiões da cidade.
O grupo já visitou quase cem pizzarias pelas cinco regiões da cidade: Manhattan, Brooklin, Bronx, Queens e Staten Island. Os "alvos" são estabelecimentos de tradição, como o Patsy's, no Harlem, e frequentados por moradores da vizinhança.
"Falamos com centenas de pessoas, e com todo mundo: os consumidores de sempre, os caras da entrega, os cozinheiros, os proprietários, os familiares dos proprietários", diz Ian Manheimer, um dos fundadores do projeto.
TEXTURAS E HISTÓRIA
Segundo ele, o que torna a pizza de Nova York "especial" não é essencialmente o gosto ou a textura de cada fatia, mas as histórias que conectam todas essas pessoas.
"Consideramos a pizza daqui única por causa das pessoas e de suas experiências. Há um alto grau de conforto em comer cada pedaço", afirma Manheimer.
Para eles, no entanto, é praticamente impossível estabelecer uma pizza que seja característica da cidade. "Há quase uma divisão geográfica. Em West Village, você vai encontrar uma massa bem fina, já no Brooklyn e no Bronx, a pizza é mais grossa, com bastante queijo", explica Corey Mintz, outro fundador.
Um exemplo mais próximo de uma "fatia clássica" nova-iorquina seria a do Sacco Pizza, em Hell's Kitchen (Manhattan), onde o pedaço é "crocante mas também um pouco gorduroso", diz Mintz.
Uma das histórias tocou Mintz especialmente: a de um proprietário de uma pizzaria em Sunset Park (Brooklyn), que, em 2007, não contou ao pai doente sobre a chegada da franquia de uma grande rede para concorrer com o estabelecimento da família. "O pai já estava muito mal, e ele morreu sem saber que a pizzaria que criou teria essa dura concorrência", lembra. A pequena pizzaria da família segue firme no local até hoje.
Para viabilizar o projeto de um livro com essas histórias, o grupo criou uma plataforma para receber doações. Em três dias, eles arrecadaram US$ 25 mil (R$ 55.178), quando a meta era US$ 15 mil (R$ 33.106). A expectativa é lançá-lo no fim deste ano.
Para Manheimer, o livro poderá ser usado como "guia" para turistas que querem conhecer os lugares onde os nova-iorquinos "realmente vão".
"Há uma série de guias da cidade que te levam para locais lotados de outros turistas. Aqui mostraremos a verdadeira Nova York", promete.