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Projeto mapeia pizzas tradicionais e 'caça' histórias de família em NY

Cinco amigos nova-iorquinos querem mostrar a importância do prato italiano na cidade

Para os idealizadores, a pizza de Nova York é única por causa das pessoas e das suas experiências

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

Na pequena pizzaria do Brooklyn fundada pelo pai há 41 anos, Giovanni Lanzo, 50, cuida pessoalmente de cada fatia entregue aos clientes. Acredita que a herança deixada pelo pai, Luigi, pode se perder se ele não cuidar de cada etapa do processo --e atender os clientes e o telefone da pizzaria, todos os dias.

"O importante para mim é fazer a pizza da melhor forma que eu puder. Eu assumi algo que era tradição na minha família e eu não posso pôr tudo a perder. Não seria justo com meu pai", disse Gio, como é chamado na vizinhança, entre uma ordem e outra dada aos poucos funcionários da Luigi's Pizza.

Foi atrás de histórias como essas que cinco amigos se reuniram há três anos para desenvolver um projeto que mostrasse a importância da pizza para os nova-iorquinos.

A ideia do NY Pizza Project era mapear lugares onde são servidas as tradicionais fatias nos bairros, e conhecer quem faz e quem come pizza nas cinco regiões da cidade.

O grupo já visitou quase cem pizzarias pelas cinco regiões da cidade: Manhattan, Brooklin, Bronx, Queens e Staten Island. Os "alvos" são estabelecimentos de tradição, como o Patsy's, no Harlem, e frequentados por moradores da vizinhança.

"Falamos com centenas de pessoas, e com todo mundo: os consumidores de sempre, os caras da entrega, os cozinheiros, os proprietários, os familiares dos proprietários", diz Ian Manheimer, um dos fundadores do projeto.

TEXTURAS E HISTÓRIA

Segundo ele, o que torna a pizza de Nova York "especial" não é essencialmente o gosto ou a textura de cada fatia, mas as histórias que conectam todas essas pessoas.

"Consideramos a pizza daqui única por causa das pessoas e de suas experiências. Há um alto grau de conforto em comer cada pedaço", afirma Manheimer.

Para eles, no entanto, é praticamente impossível estabelecer uma pizza que seja característica da cidade. "Há quase uma divisão geográfica. Em West Village, você vai encontrar uma massa bem fina, já no Brooklyn e no Bronx, a pizza é mais grossa, com bastante queijo", explica Corey Mintz, outro fundador.

Um exemplo mais próximo de uma "fatia clássica" nova-iorquina seria a do Sacco Pizza, em Hell's Kitchen (Manhattan), onde o pedaço é "crocante mas também um pouco gorduroso", diz Mintz.

Uma das histórias tocou Mintz especialmente: a de um proprietário de uma pizzaria em Sunset Park (Brooklyn), que, em 2007, não contou ao pai doente sobre a chegada da franquia de uma grande rede para concorrer com o estabelecimento da família. "O pai já estava muito mal, e ele morreu sem saber que a pizzaria que criou teria essa dura concorrência", lembra. A pequena pizzaria da família segue firme no local até hoje.

Para viabilizar o projeto de um livro com essas histórias, o grupo criou uma plataforma para receber doações. Em três dias, eles arrecadaram US$ 25 mil (R$ 55.178), quando a meta era US$ 15 mil (R$ 33.106). A expectativa é lançá-lo no fim deste ano.

Para Manheimer, o livro poderá ser usado como "guia" para turistas que querem conhecer os lugares onde os nova-iorquinos "realmente vão".

"Há uma série de guias da cidade que te levam para locais lotados de outros turistas. Aqui mostraremos a verdadeira Nova York", promete.


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