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Lixo orgânico do Epice vira adubo com ajuda de enzima

Restaurante tem reciclado mais de uma tonelada de resíduos por mês; adubo alimentará hortas de casas como o Attimo e o Mesa III

BEL FREIRE DE SÃO PAULO

Há mais de oito meses, a rotina do Epice, do chef Alberto Landgraf, não é mais a mesma. Quem passa na porta do restaurante pela manhã pode flagrar a retirada de grandes bombonas cheias do que, para olhos destreinados, pode parecer apenas lixo.

Mas os recipientes carregam resíduos orgânicos, que terão destino mais nobre do que o lixão. Eles sofrem um processo de compostagem acelerada, com a ajuda de enzimas, e se transformam em adubo para hortas urbanas.

Antes de começar a compostagem, a ideia de Landgraf era justamente cuidar de uma horta na avenida Paulista. "Era para os cozinheiros aprenderem a plantar e colher. Só que as manifestações acabaram com ela."

O projeto, então, começou a fermentar quando Fernanda Danelon, do Instituto Guandu, que cuidava do espaço na Paulista ao lado dos Hortelões Urbanos, apresentou ao chef o telhado verde do shopping Eldorado. Ali, cerca de 30 toneladas de resíduos são transformados todo mês em composto com a ajuda dos biopolímeros desenvolvidos por Lázaro Sebastião Roberto, da empresa de biotecnologia Bioideias.

"É uma tecnologia brasileira, para os nossos hábitos alimentares, para transformar comidas como arroz e feijão", diz o engenheiro agrônomo Rui Signori, da Bioideias.

MENOS TEMPO

Após a enzima ser jogada sobre o resíduo orgânico, dentro de um recipiente, o adubo fica pronto de 7 a 15 dias, e não dos 90 a 180 dias que leva o processo normal de compostagem. Ele ainda pode ser usado no plantio como se fosse o próprio solo, sem adição de terra.

Com apenas 38 lugares, o Epice tem reciclado mais de uma tonelada de resíduos por mês. O restaurante os separa, Danelon os recolhe, leva ao centro de compostagem, planta e, eventualmente, devolve alimentos ao estabelecimento. Por enquanto, a horta fica na casa de Danelon, de onde saem manjericão, cebolinha e o fruto de algumas mudas que o próprio chef cedeu, como erva-luísa.

Antes de plantar, o material é submetido a análises laboratoriais, exigência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CONSCIENTIZAÇÃO

Landgraf afirma que, embora a iniciativa de devolver alimentos para a casa seja positiva, ele não pretende depender disso. "A questão, para mim, é não colocar lixo na rua." Para ele, o projeto é mais um esforço de conscientização das pessoas. "Temos de dar o exemplo. Se 15 restaurantes fizerem isso, o público adere mais facilmente."

Outros chefs já se interessaram pela ideia. Recentemente, Jefferson Rueda aderiu ao sistema no Attimo e Ana Soares iniciou a implantação na rotisseria Mesa III.

Hoje, Landgraf, Signori e Danelon dividem os custos, mas a ideia é transformar o método em um empreendimento. E eles terão trabalho --a partir de agosto, de acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, os lixões deverão ser desativados.

"Tudo passará a ser resíduo a ser reciclado. Os grandes geradores de resíduos serão obrigados a se responsabilizar por eles", diz Signori.


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