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Opinião

Será preciso cativar público que dê retorno financeiro

JOSIMAR MELO DO CRÍTICO DA FOLHA

Como gosto de caminhar, vou achar ótimo tropeçar mais amiúde com boa comida. Mas será que vão pegar esses carrinhos chiques de sanduíches e pratos mais elaborados para comer na rua, hábito pouco arraigado aqui?

Existem países asiáticos onde, no lugar de almoçar em casa ou em restaurantes, é comum comer a céu aberto quitutes de ambulantes.

Em cidades grandes dos Estados Unidos, por motivos diferentes (o império da produtividade e da pressa, o descaso protestante com a fruição dos prazeres), é habitual almoçar andando pelas ruas.

Já os brasileiros, por nossa herança ibérica e mediterrânea, em geral preferimos sentar e comer com mais calma nas refeições (o PF no boteco, o restaurante por quilo).

Os carrinhos bacanas e mais caros terão o desafio de se transformar numa opção para refeições, e não um folclore para lanches eventuais.

Será preciso cativar um público que dê um volume de retorno financeiro que viabilize o negócio. Não sei se é fácil.

Convém lembrar que nossa comida de rua --o dogão, o yakissoba, o pastel-- é produzida por pessoas simples, "empresários" que andam de ônibus, pagam pouco aluguel, têm filhos em escola pública, usam um carro velho e não precisam ganhar grandes quantias para viver.

Já a nova onda de "food trucks" é liderada por chefs de classe média, com filhos em escola particular, prestação do carro para pagar, aluguel no Itaim Bibi... Some-se a isso o caríssimo investimento para comprar e montar um "truck" --e será necessário um ganho dez vezes maior do que o do tradicional ambulante.

Espero que dê certo, mas melhor fazer essa conta antes de botar o caminhão na rua.


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